Nas últimas 24 horas voltaram as filas nas farmácias em Macau e foram vendidas 1,6 milhões de máscaras, anunciaram as autoridades, que decidiram acabar com o fornecimento gratuito destes produtos nos estabelecimentos de saúde.
Nas ruas há quem chame a PSP para acabar com a ‘revenda’ de máscaras na rua, adquiridas a preço de custo em farmácias convencionadas num momento em que a venda está racionada a 10 máscaras por cada 10 dias. E em alguns serviços de saúde, as autoridades detetaram a entrada de pessoas que simulavam alguma doença somente para deitar a mão a uma máscara que era fornecida gratuitamente aos pacientes, quando está racionada a venda para o resto da população.
Na conferência de imprensa diária das autoridades de Macau, tanto o chefe da divisão das Relações Públicas da Corporação da Polícia de Segurança Pública, Lei Tak Fai, como a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, criticaram o oportunismo. Sobretudo num “momento crítico” como aquele que se vive hoje em Macau, sublinharam, quando o Governo encomendou 20 milhões de máscaras e mais de metade já foram vendidas.
Há cerca de uma semana que não são identificados novos casos em Macau e hoje as autoridades anunciaram mais uma nova alta hospitalar a um dos 10 infetados iniciais, reduzindo o número de contaminados com o coronavírus Covid-19 para oito, mas ambos os responsáveis aproveitaram a conferência de imprensa para apelar à população para não facilitar.
“Há mais fluxo e mais concentração de pessoas, há mais clientes nos restaurantes. São indícios de que as pessoas estão mais descontraídas e mais relaxadas, mas (…) este é um momento crucial e só se deve sair caso seja mesmo necessário ou em caso de urgência (…), se não estão a desvalorizar os nossos trabalhos de prevenção”, sublinhou Leong Iek Hou.
Uma mensagem reforçada pouco depois por Lei Tak Fai, que confirmou uma maior presença de pessoas em espaços públicos, nas últimas horas, “e até por pessoas sem máscaras”, notou o responsável das forças de segurança.
“É um risco”, frisou, aconselhando depois a população a evitar as filas nas farmácias, onde a polícia reforçou a sua presença desde o anúncio da venda racionada.
Na mesma conferência de imprensa, a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde indicou que 96 cidadãos de Macau se encontram na província de Hubei, onde começou a epidemia, tendo o Governo enviado já medicamentos a pessoas que sofrem de doenças crónicas.
As autoridades de Saúde de Macau anunciaram hoje que deram alta a mais um paciente contaminado com o coronavírus Covid-19, passando para oito o número de infetados no território.
A segunda paciente a receber alta hospitalar, e que já saiu de Macau, é uma mulher de 21 anos, professora e residente na cidade chinesa de Wuhan.
Nas últimas 24 horas, foram testadas 350 amostras no Laboratório de Saúde Pública, um número que continua a crescer em relação a dias anteriores, uma vez que a despistagem foi alargada a grupos definidos como de maior risco.
No total, nas últimas semanas foram realizados 1.024 testes na capital mundial do jogo, cujos casinos encerraram por determinação governamental há uma semana. Dos 1.024 testes já foram descartados 993 casos suspeitos. Vinte e uma pessoas continuam a aguardar o resultado das análises, enquanto 27 já saíram do isolamento imposto pelas autoridades de saúde.
O número de mortos na China continental devido ao coronavírus aumentou para 1.113, divulgou hoje a Comissão Nacional de Saúde chinesa.
De acordo com as autoridades de saúde de Pequim o número total de mortos nas últimas 24 horas é de 97.
O número total de casos confirmados é de 44.653, dos quais 2.015 foram confirmados nas últimas 24 horas em território continental chinês.
As autoridades chinesas acrescentaram ainda que 451.462 pacientes foram acompanhados por terem tido contacto próximo com os infetados, dos quais 185.037 ainda estão sob observação.
O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, afeta também o território de Macau (com oito infetados) e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.