A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje que está "encorajada" pela evolução da epidemia de Ébola na República Democrática do Congo (RDCongo), mas mostrou-se cautelosa face a um possível ressurgimento do contágio.
"Não devemos esquecer o Ébola", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa, em Genebra, num momento em que as atenções da comunidade internacional estão postas no novo coronavírus.
Um comité de emergência composto por peritos da OMS deverá reunir-se na quarta-feira, em Genebra, para decidir se o vírus mantém o estatuto de emergência de saúde pública internacional.
"Estamos muito encorajados com a atual tendência", com "apenas três casos na semana passada, e nenhum nos últimos três dias", acrescentou o responsável da agência das Nações Unidas.
Ainda assim, o responsável alertou que "não acabou" enquanto não houver registo de um caso "durante 42 dias".
"É um grande sucesso, mas devemos permanecer cautelosos", referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacando a "frágil" situação de insegurança que afeta o leste da RDCongo.
O surto de Ébola na RDCongo foi declarado em 01 de agosto de 2018, atingindo principalmente as províncias de Kivu-Norte e Ituri.
Segundo o mais recente boletim da OMS, com dados de 09 de fevereiro, há registo de 2.253 mortos (2.130 confirmados em laboratório) e 3.431 casos de contágio (3.308 confirmados em laboratório).
Desde o início da vacinação contra o Ébola, em 08 de agosto de 2018, cerca de 300.000 pessoas foram vacinadas, refere o mesmo boletim.
O diretor-geral da OMS disse também que irá viajar para a RDCongo na quinta-feira, onde se irá reunir com o Presidente do país, Félix Tshisekedi, para discutir, entre outros assuntos, o reforço do sistema de saúde congolês.
O controlo do surto de Ébola tem enfrentado várias dificuldades desde o seu início.
Além de focos de Ébola em zonas de conflito e em zonas ocupadas por grupos armados, há também uma forte recusa da população em receber tratamento.
Esta epidemia é a segunda mais mortífera de Ébola de que há registo, sendo apenas ultrapassada pela que atingiu a África Ocidental entre 2014 e 2016 e que matou mais de 11.300 pessoas.
O Ébola transmite-se pelo contacto com fluidos corporais infetados e a rapidez do tratamento é determinante para as possibilidades de sobrevivência, sendo que a sua taxa de mortalidade alcança os 90%, caso não seja tratado a tempo.