O grupo parlamentar do CDS-PP questionou hoje o Governo sobre o novo coronavírus detetado na China, denominado oficialmente “Covid-19”, querendo saber que o país está preparado “para conter” eventuais casos que surjam a nível nacional.
Numa pergunta endereçada hoje à ministra da Saúde, Marta Temido, os deputados Ana Rita Bessa e Telmo Correia questionam se “Portugal está preparado para conter casos do novo coronavírus” que “possam vir a surgir”.
No documento, hoje entregue na Assembleia da República, os centristas questionam“que tipo de formação, e informação, tem sido dada aos profissionais dos hospitais onde possam ficar doentes ou casos suspeitos em isolamento”.
Quanto às equipas de socorro, o CDS pergunta se “foi dado algum tipo de formação às corporações de bombeiros sobre como lidar com casos suspeitos” e se se “confirma que os bombeiros não receberam material específico para lidar com o coronavírus”.
No documento, os deputados questionam igualmente a ministra da Saúde se partilha “da opinião da diretora-geral da Saúde, quando considera que fazer rastreios nos aeroportos é pouco eficaz e que o método mais adequado para despistar possíveis casos de infeção por vírus é a divulgação de informação a bordo dos aviões”.
Ana Rita Bessa e Telmo Correia questionam ainda se o Governo vai “corresponder ao apelo do Conselheiro das Comunidade Portuguesas em Macau para que rastreie a população chinesa, inclusive de Macau, à chegada ao território nacional”.
“Qual será exatamente o papel da `task-force´ criada pela DGS [Direção-Geral de Saúde]?”, interrogam os parlamentares, questionando ainda Marta Temido se “considera que é suficiente a criação de grupos de trabalho, ou de ‘task-forces’, quando a nível mundial a maioria dos países tem vindo a intensificar a tomada de medidas de prevenção”.
A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço hoje divulgado.
Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, atinge também a região chinesa de Macau (10 casos de infeção) e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.
Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma “ameaça séria e iminente para a saúde pública”.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.