Mais de um milhar de alunos de Macau que frequentam o ensino superior em Taiwan estão impedidos de entrar na Ilha Formosa para prosseguir os estudos, informaram hoje as autoridades da região administrativa especial chinesa.
Taiwan fechou as fronteiras a todos os cidadãos do interior da China e suspendeu temporariamente todos os pedidos de visto para residentes de Hong e Macau, uma medida justificada para reduzir o risco de contágio devido ao surto do novo coronavírus chinês, agora designado de Covid-19.
Outros estrangeiros que visitaram a China, Hong Kong e Macau nos últimos 14 dias também estão impedidos de entrar.
Até às 15:00 de hoje, 1.197 estudantes de Macau registaram-se numa plataforma criada de emergência pelas autoridades do antigo território administrado por Portugal, uma lista que serve para as autoridades conhecerem o número de alunos afetados e melhorar a capacidade de resposta e comunicação, explicou a Direção dos Serviços do Ensino Superior (DSES).
Os estudantes de Macau pretendiam inicialmente viajar para Taiwan entre esta quarta-feira e 17 de fevereiro. De acordo com os dados, a maioria estão em Taiwan a tirar a licenciatura (1.145) e o mestrado (44).
O Governo de Macau adotou já uma série de medidas de contingência que “incluem a cooperação com a Autoridade de Aviação Civil”.
As autoridades esclareceram que, “após o cancelamento da respetiva medida de suspensão, serão aumentados os voos para os estudantes regressarem o mais rapidamente possível à região de Taiwan, para continuarem os seus estudos”, uma solução articulada com companhias aéreas.
“A Air Macau e EVA Air permitem que os estudantes afetados possam reagendar, gratuitamente, as suas viagens e a (…) Tigerair (…) que os mesmos [as] possam cancelar”, pode ler-se na mesma nota.
Já a Coreia do Sul anunciou hoje que vai incluir Macau e Hong Kong nas "zonas contaminadas" pelo Covid-19, pelo que quem viajar a partir das regiões semiautónomas da China poderá ser sujeito a quarentena.
Alguns dos nove infetados em Macau com o novo coronavírus chinês vão receber alta nos próximos dias, acrescentaram as autoridades de saúde do território, depois de essa possibilidade ter sido admitida no domingo pelas autoridades de saúde.
Nas últimas 24 horas foram testadas 289 amostras no Laboratório de Saúde Pública, um número que mais do duplicou em relação a dias anteriores, uma vez que a despistagem foi alargada a grupos definidos como de maior risco.
No total, nas últimas semanas, foram realizados 861 testes na capital mundial do jogo, cujos casinos encerraram por determinação governamental há uma semana. Dos 861 testes já foram descartados 820 casos suspeitos. Trinta e uma pessoas continuam a aguardar o resultado das análises, enquanto 27 já saíram do isolamento imposto pelas autoridades de saúde.
Uma das principais medidas do Governo de Macau, que enviou milhares de alunos e funcionários públicos para casa, passou pelo encerramento dos casinos, espaços de diversão noturna, ginásios, saunas, espaços desportivos e culturais.
A epidemia provocada pelo Covid-19, detetado em Wuhan, causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço hoje divulgado.
Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, afeta também o território de Macau (com nove casos) e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.
Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma “ameaça séria e iminente para a saúde pública”.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.