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Vírus: BNU lança pacote de crédito especial para empresas de Macau

LUSA
11-02-2020 13:43h

O Banco Nacional Ultramarino (BNU), do Grupo Caixa geral de Depósitos, anunciou hoje o lançamento de um pacote de crédito especial anti-epidemia para empresas de Macau, uma das regiões contaminadas pelo surto do novo coronavírus chinês.

As soluções de financiamento vão desde o “suporte operacional do negócio, (…) pagamento de salários ou (…) aquisição de produtos/equipamentos de higiene ou materiais hospitalares”, lê-se no comunicado do BNU, sediado em Macau e presente nas cidades chinesas de Zhuhai e Xangai, e que tem procurado assumir-se como uma plataforma para empresas e particulares nos negócios entre China, Portugal e outros países de língua oficial portuguesa.

“Em conjunto com as medidas tomadas pelo Governo de Macau, o BNU (…) disponibiliza agora um pacote especial de crédito para apoiar a continuidade dos negócios das empresas locais durante este período difícil”, sublinha-se na mesma nota.

Uma das soluções diz respeito ao financiamento a prazo para apoio ao pagamento de salários e rendas, até 1,2 milhões de patacas (140 mil euros), que prevê seis meses de carência de capital.

As outras duas linhas de crédito são destinadas à aquisição de produtos/equipamentos de higiene e hospitalares de uso próprio, bem como para compra de ‘stocks’/materiais para suporte à operacionalização do negócio, ambas até um milhão de patacas (110 mil euros), com um prazo de pagamento estipulado até três anos.

“Para além do objetivo de disponibilizar soluções financeiras quando necessárias, especialmente neste período difícil, este lançamento do pacote especial para PME, está em linha com a nossa estratégia de fortalecer o relacionamento com todos os segmentos de empresas de Macau e contribuir para a diversificação económica da região”, frisou a instituição bancária.

Uma série de medidas excecionais promovidas pelo Governo de Macau quase paralisaram a economia do território. Os casinos fecharam, assim como hotéis, espaços de diversão noturna, com as autoridades a enviarem para casa alunos e funcionários públicos, que trabalham à distância.

Hoje, a Fitch Ratings defendeu que a banca de Macau está mais imune à queda dos preços de imóveis, agora que enfrenta o surto do novo coronavírus chinês, do que aquando da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 que matou 774 pessoas em todo o mundo e atingiu as duas regiões chinesa.

A agência de notação financeira “acredita que os bancos de Hong Kong e Macau estão mais protegidos das quedas nos preços dos imóveis do que durante o período da SARS, após a implementação de medidas macroprudenciais ao longo dos anos e a criação de amortecedores após a crise financeira global”.

Contudo, alertou a Fitch, “os ganhos bancários serão enfraquecidos no curto prazo”.

Em comunicado, a agência de notação financeira ressalvou que apesar das medidas excecionais anunciadas pelo Governo de Macau, “é provável que o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) no território seja significativo, uma vez que as receitas de jogos contribuem com cerca de 70% para o seu PIB”. Mas, sublinhou, a repercussão “na qualidade dos ativos dos bancos deve ser contida, desde que o impacto no PIB não seja prolongado”.

A Fitch lembrou também que as autoridades de Macau já anunciaram medidas de apoio destinadas a reduzir os encargos financeiros daqueles que possuem empréstimos e que enfrentam dificuldades, que podem agora solicitar um adiamento até seis meses no pagamento da dívida, devido ao impacto financeiro e económico que decorre do coronavírus.

Macau tem atualmente identificadas nove pessoas infetadas.

A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço hoje divulgado.

Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.

O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, afeta o território de Macau e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.

A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.

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