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Organização Mundial de Saúde Animal doa a Angola 140 mil vacinas contra a raiva

LUSA
11-02-2020 13:38h

Angola recebeu hoje uma doação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de 140.000 doses de vacinas contra a raiva animal, para evitar a propagação para a Namíbia desta doença que provoca anualmente no país mais de mil mortes.

Na cerimónia simbólica da entrega das vacinas, foi igualmente apresentado o Projeto-piloto de Prevenção, Controlo e Eliminação da Raiva em Humanos Transmitida pelo cão, até 2030, na Região Sul de Angola, nas Províncias do Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe.

Em declarações à imprensa, o representante da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Moetapele Letshwenyo, referiu que Angola solicitou apoio para o fornecimento de vacinas, pedido que a organização acolheu, prestando ainda assistência técnica.

Segundo o responsável, o objetivo é eliminar a raiva até 2030, o que “é possível”, bastando apenas vacinar os animais.

“Anualmente morrem cerca de 60 mil pessoas de raiva no mundo, a maioria em África e na Ásia”, disse Moetapele Letshwenyo, salientando que a OIE apoia 16 países, dos quais seis onde a raiva é endémica e prioridade para a organização, sendo Angola um deles.

O diretor-geral do Instituto dos Serviços de Veterinária, Ditutala Simão, disse que Angola regista anualmente mais de mil casos mortais de raiva, o que constitui uma preocupação.

“A OIE vem juntar-se aos esforços que o Governo tem feito para o controlo da raiva. Não estamos a falar ainda em termos de erradicação, mas de controlo da raiva”, frisou.

Ditutala Simão sublinhou que, para controlar a doença, está a ser aplicado o programa de profilaxia sanitária junto dos animais, tendo em conta que mais de 60 por cento das doenças que afetam o ser humano provêm dos animais e a raiva é um dos casos.

O diretor-geral do Instituto dos Serviços de Veterinária realçou que, no norte da Namíbia, a raiva foi erradicada, por isso Angola deve controlar a doença nas províncias que fazem fronteira com aquele país.

“Lá já não se verifica a raiva no ser humano, porque eles intensificaram a vacinação contra a raiva nos animais. Como nós fazemos fronteira com a Namíbia - em quatro províncias - Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango – vamos reforçar também as campanhas de vacinação nessas quatro províncias”, avançou.

O responsável frisou que Angola, Namíbia e Zâmbia têm um acordo no quadro da harmonização das medidas de profilaxia sanitária, por isso se os seus parceiros já fizeram esse esforço na fronteira, o país lusófono deve também cumprir sob pena de se tornar num “reservatório da doença, que a qualquer momento pode transitar para a outra república”.

De acordo com Ditutala Simão, o Governo importa anualmente mais de 500 mil doses de vacinas para o controlo da raiva, com custos a volta dos 200 milhões de kwanzas (mais de 360 mil euros).

Angola deixou de produzir vacinas no período de guerra, prosseguiu o diretor-geral do Instituto dos Serviços de Veterinária, mas está a ser realizado um trabalho para a instalação de um centro de biotecnologia, através de uma linha de financiamento da Alemanha, para se retomar essa produção.

“As vacinas contra a raiva já eram produzidas em Angola, na província do Huambo, nos laboratórios do Instituto de Investigação Veterinária. Agora estamos a trabalhar, temos já um laboratório a funcionar e como são vacinas bastante melindrosas, temos contado com apoio da OIE e com os laboratórios internacionais especializados”, disse.

“Estamos a produzir em quantidades menores, para além das vacinas contra a raiva também temos outras vacinas para o controlo de doenças animais”, acrescentou.

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