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Vírus: Banca de Macau e de Hong Kong mais imune ao atual surto do que no tempo da SARS - Fitch

LUSA
11-02-2020 10:10h

A Fitch Ratings defendeu hoje que a banca de Macau e de Hong Kong está mais imune à queda dos preços de imóveis agora que enfrenta o surto do novo coronavírus chinês do que aquando da SARS.

A agência de notação financeira “acredita que os bancos de Hong Kong e Macau estão mais protegidos das quedas nos preços dos imóveis do que durante o período da SARS [Síndrome Respiratória Aguda Grave que entre 2002 e 2003 que matou 774 pessoas em todo o mundo e atingiu as duas regiões chinesas], após a implementação de medidas macroprudenciais ao longo dos anos e a criação de amortecedores após a crise financeira global”.

Contudo, alertou a Fitch, “os ganhos bancários serão enfraquecidos no curto prazo”, salientando que a própria autoridade Monetária de Hong Kong referiu já ser expectável que entre 20% e 30% das agências bancárias fechem temporariamente e/ou reduzam o horário de funcionamento naquele território.

Em comunicado, a agência de notação financeira ressalvou que apesar das medidas excecionais anunciadas pelo Governo de Macau, “é provável que o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) no território “seja significativo, uma vez que as receitas de jogos contribuem com cerca de 70% para o seu PIB”.

Mas, sublinhou, a repercussão “na qualidade dos ativos dos bancos deve ser contida, desde que o impacto no PIB não seja prolongado”.

Uma análise justificada pelo facto de em ciclos negativos anteriores os bancos de Macau terem conseguido “manter seus custos de crédito em níveis toleráveis”, com “a qualidade de seus ativos a permanecer benigna em 2015, mesmo quando houve uma queda significativa na receita de jogos”.

A Fitch lembrou também que as autoridades de Macau já anunciaram medidas de apoio destinadas a reduzir os encargos financeiros daqueles que possuem empréstimos e que enfrentam dificuldades, que podem agora solicitar um adiamento até seis meses no pagamento da dívida, devido ao impacto financeiro e económico que decorre do surto do coronavírus.

Certo é que o atual surto “aumentará os desafios ecoómicos de ambas as regiões e poderá influenciar” a avaliação daquela agência de notação financeira “se o dano à confiança for comparável à experiência destas cidades durante a disseminação da SARS em 2003”, concluiu.

Tanto em Hong Kong como em Macau foram identificados casos de infeção pelo novo coronavírus chinês, com o antigo território britânico a registar uma morte.

Hong Kong e Macau tomaram medidas que acabaram, na prática, por quase paralisar as respetivas economias. Hong Kong encerrou a maioria das suas fronteiras e suspendeu as ligações marítimas com Macau. O antigo território administrado por Portugal, por seu lado, encerrou os casinos.

Uma das primeiras medidas do Governo de Macau passou por enviar milhares de alunos e funcionários públicos para casa.

A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço hoje divulgado.

Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.

O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.

O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, afeta o território de Macau e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.

Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma “ameaça séria e iminente para a saúde pública”.

A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.

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