O Governo de Macau vai apoiar financeiramente projetos de investigação científica relacionados com a pneumonia causada pelo novo coronavírus chinês, que já matou mais de um milhar de pessoas na China, anunciaram as autoridades.
“O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) está a recolher projetos de investigação científica relacionados com a pneumonia causada pelo novo coronavírus junto das instituições de ensino superior, institutos de investigação científica, empresas de ciência e tecnologia e investigadores científicos”, indicou aquela entidade em comunicado.
O apoio será dado às investigações na área da tecnologia de deteção da pneumonia causada pelo novo coronavírus, prevenção e tratamento da doença, investigação e desenvolvimento de medicamentos, mecanismos de prevenção e controlo de doenças infecciosas súbitas, bem como de recuperação social após a epidemia, acrescenta-se na mesma nota.
Os projetos terão prioridade na aprovação e a verba proposta de cada projeto não deverá exceder as 500 mil patacas (57 mil euros), com o período de apoio financeiro a não poder ultrapassar um ano.
Segundo o FDCT, o objetivo é o “de fortalecer” a Região Administrativa Especial de Macau na resposta ao recente surto da pneumonia causada pelo novo coronavírus, “reforçar a capacidade de prevenção e controlo de doenças infecciosas emergentes e súbitas, bem como fornecer um forte apoio científico e tecnológico à prevenção e controlo da epidemia”.
Das 10 pessoas infetadas em Macau com o coronavírus desde o início da epidemia permanecem nove internadas, mas devem receber alta nos próximos dias, admitiram as autoridades de saúde no domingo.
Nas últimas semanas, foram realizados 691 testes. Destes, já foram descartados 656 casos suspeitos. Vinte e cinco pessoas continuam a aguardar o resultado das análises, enquanto 19 pessoas já não se encontram em regime de isolamento.
As autoridades adiantaram ainda que permanecem 91 pessoas na província de Hubei, a província chinesa onde começou o coronavírus, na qual algumas cidades se encontram sob quarentena.
Uma das primeiras medidas do Governo de Macau, para além de enviar milhares de alunos e funcionários públicos para casa, passou pelo racionamento de máscaras. A inexistência de desinfetantes nas prateleiras de farmácias e supermercados levou também o Governo a emitir com caráter de urgência licenças industriais para fábricas locais produzirem estes produtos.
A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço hoje divulgado.
Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, afeta o território de Macau e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.
Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma “ameaça séria e iminente para a saúde pública”.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.