Um projeto da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve para dar aos pais informação sobre saúde maternoinfantil está a ser alargada às regiões autónomas espanholas da fronteira com Portugal, com apoio do programa de cooperação INTERREG Espanha-Portugal 2014-2020.
António Pina, coordenador regional no Algarve desta nova ferramenta de cooperação transfronteiriça luso-espanhola, denominada Rede Ibérica de Promoção da Saúde da Criança (RISCAR), explicou à agência Lusa que na sua base está um projeto inicial que também coordenou, a partir de 2007, para a ARS/Algarve e que permitiu criar uma plataforma de Internet para melhorar a informação dos pais sobre a saúde maternoinfantil, chamada Janela Aberta à Família.
“Com esta experiência, e porque de facto acarinhamos bastante este projeto Janela Aberta à Família, pensámos em expandir o projeto, não só para o todo nacional, mas também para outras regiões de Espanha”, afirmou o coordenador regional do Algarve, recordando a experiência com outras ferramentas de cooperação transfronteiriça acumulada no passado pela ARS algarvia com parceiros de regiões autónomas de Espanha.
No passado, esta cooperação, principalmente com a Junta da Andaluzia, foi um elemento importante para “perceber que, dentro da experiência INTERREG, era possível expandir este projeto para outras regiões espanholas, que são a Extremadura, Leão e Castela e a Galiza”.
“E então avançámos com uma espécie de Janela Aberta à Família para estas quatro regiões e para o nosso país, incluindo entidades centrais, que inicialmente não estavam formalmente metidas nisto – a Direção-Geral da Saúde e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde -, e este novo projeto passou a chamar-se RISCAR”, esclareceu António Pina.
Em Espanha, são entidades beneficiárias as Consejerias de Saúde das Juntas Autónomas e a Universidade de Cádis.
Além da expansão nacional a transfronteiriça do projeto inicial, esta iniciativa tem, segundo o coordenador, dois objetivos.
Um deles é a “construção de uma plataforma na Internet semelhante à criada para os pais”, mas direcionada para os profissionais de saúde, para “promover a sua literacia técnica, enviando-lhes informação adequada, resumida e fácil de ser lida”, precisou.
“O outro objetivo é um Observatório de Saúde Maternoinfantil entre estas quatro regiões espanholas e Portugal”, completou António Pina, acrescentando que esta meta vai disponibilizar um “repositório de informação padronizada” que permitirá às entidades envolvidas trocar experiências e “perceber as razões e que tipo de indicadores são bons num sítio e maus nos outros”.
O projeto RISCAR tem um orçamento previsto de 2,4 milhões de euros e um prazo de execução até dezembro de 2019. Conta com uma plataforma na Internet do Janela Aberta à Família criada inicialmente pela ARS/Algarve, mas que já abrange todo o país e que foi replicada depois na Andaluzia e, “há menos de um ano”, também na Extremadura.
Falta agora “Leão e Castela ter uma e a Galiza também”, sublinhou o coordenador, sem precisar um calendário.
Trata-se, sublinhou, de um trabalho com “sustentabilidade”, uma vez que, mesmo depois de o financiamento acabar, os beneficiários vão “continuar ligados, sobretudo através do observatório” e “sem terem praticamente custos”, porque “as ferramentas criadas ficam depois aptas” na Internet.
“Penso que temos aqui um projeto que de facto já não é aquele projeto regional que se iniciou no Algarve, é um projeto não só nacional, como internacional, e tem esta grande virtude de ter sustentabilidade e fazer com que nós estejamos agora juntos a partir deste momento”, concluiu António Pina.