Cerca de uma centena de habitantes, políticos e autarcas participaram hoje numa ação de protesto para exigir o aumento do número de profissionais no hospital e no centro de saúde de Seia, no distrito da Guarda.
O apelo foi feito durante uma manifestação que ligou o centro de saúde e o hospital Nossa Senhora da Assunção, promovida pelo movimento de defesa dos serviços de saúde no concelho de Seia.
Durante a iniciativa, os participantes exigiram mais investimento do Governo e a contratação de mais profissionais para os serviços públicos de saúde daquele concelho da região da Serra da Estrela.
O porta-voz do movimento, Zulmiro Almeida, apelou à ministra da Saúde, Marta Temido, para que tenha "mais respeito pelo interior".
"Poupe-se onde se puder, não poupem na Saúde", defendeu o porta-voz, alertando que no centro de saúde de Seia estão "cinco médicos à beira da reforma" e os outros oito que ali prestam serviço, "logo que possam vão para as suas localidades", pois apenas um é natural da região.
Segundo Zulmiro Almeida, a situação vivida nas unidades de saúde de Seia é "grave": "Nós estamos com a nossa Saúde muito doente".
O porta-voz do movimento apelou ainda ao ministro das Finanças, Mário Centeno, para que "olhe para a Saúde como deve olhar, e não como tem olhado".
A juntar à falta de médicos, o movimento de defesa dos serviços de saúde de Seia denunciou que o aparelho de raios x do hospital local está avariado e os utentes têm de se deslocar para Gouveia ou para Oliveira do Hospital.
Durante a ação de protesto, a eurodeputada do PCP Sandra Pereira disse que no país "há uma estratégia de ataque ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e um desinvestimento" em meios técnicos humanos e de infraestruturas "que é preciso colmatar".
O presidente da Câmara Municipal de Seia, Carlos Filipe Camelo (PS), lembrou que foi criada uma comissão na Assembleia Municipal que tem feito contactos com a direção do centro de saúde, a Unidade Local de Saúde da Guarda e a Administração Regional de Saúde do Centro, para procurar resolver os problemas existentes no concelho.
Na manifestação também participaram os vereadores na Câmara Municipal de Seia Fabíola Figueiredo (PSD) e Tenreiro Patrocínio (Movimento Juntos Pela Nossa Terra).
Durante o protesto, que incluiu uma marcha, com cerca de um quilómetro, que ligou o centro de saúde e o hospital, os participantes gritaram palavras de ordem como "A saúde é um direito, sem ela nada feito", "O público é de todos, o privado é só de alguns" e "Lutar, lutar, para a Saúde salvar".
Foram também exibidos cartazes com mensagens como: "Na defesa de mais investimento, mais serviços médicos, mais profissionais de saúde" e "Não à destruição do SNS".
A habitante Orquídea Lopes, de 64 anos, disse à agência Lusa que participou na ação de protesto porque "Seia está esquecida" em relação ao setor da Saúde.
"A saúde na Serra da Estrela não é a mesma coisa que a saúde na zona de Lisboa, porque a estrutura geográfica não permite a facilidade de acesso como nos grandes centros", alertou.
Já o morador Jorge Figueiredo, de 63 anos, referiu que no hospital local "os médicos são poucos" e os utentes estão "quatro ou cinco horas à espera de consulta".