A Comissão Regional do PS/Madeira afirmou hoje que o Serviço de Saúde da região autónoma (Sesaram) deve ser motivo de "reflexão profunda", tendo em conta que dois terços dos diretores de serviço estão contra a nomeação do novo diretor clínico.
"Podemos fazer uma analogia, que é um pastor ser nomeado e dois terços do seu rebanho estar contra essa nomeação", disse o presidente da Comissão Regional do PS, Bernardo Trindade, após reunião, no Funchal.
O novo diretor clínico do Sesaram, Mário Pereira, tomou posse na sexta-feira, numa altura em que 33 dos 50 diretores de serviço e coordenadores de unidades de saúde se demitiram em protesto contra o que dizem ser uma nomeação “ao abrigo de um acordo” do Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP, no âmbito do qual o cargo de diretor clínico seria entregue a um representante do CDS-PP.
Mário Pereira, médico ortopedista do Sesaram e ex-deputado centrista na Assembleia Legislativa da Madeira, foi, na qualidade de parlamentar, um dos maiores críticos do Sistema Regional de Saúde.
A Comissão Regional do PS, maior partido da oposição na Madeira, com 19 deputados no parlamento regional, considera que a situação devia motivar uma "reflexão profunda sobre que caminho seguir".
"Mais importante que a política são os madeirenses e porto-santenses, que anseiam por uma saúde cada vez melhor, cada vez próxima", sublinhou Bernardo Trindade.
Os socialistas manifestaram, por outro lado, "imensa preocupação" com o processo de elaboração da regulamentação necessária para a execução do novo regime do Subsídio Social de Mobilidade para a Madeira, aprovado em sede de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020).
"Não há madeirense que não queira que os adiantamentos que tem de fazer deixem de existir. Agora, também não queremos que, em função de uma decisão tomada precipitadamente, companhias deixem de voar e outras tenham problemas operacionais que onerem ainda mais a nossa relação com o mundo", alertou Bernardo Trindade.
O OE2020 prevê 100 milhões de euros para o subsídio de mobilidade aérea nas regiões autónomas da Madeira e Açores, sendo que, no primeiro caso, ficou estipulado que as novas regras entram em vigor no dia seguinte ao da publicação do documento, passando os madeirenses a pagar apenas o preço convencionado para as passagens aéreas de ida e volta - 86 euros para os residentes e 65 euros para os estudantes -, sem terem de adiantar valores passíveis de reembolso.
"É nossa preocupação perceber como se fará a regulamentação da mobilidade", disse Bernardo Trindade, reforçando: "Não basta aprovar à pressa uma proposta para que entre em vigor já com o Orçamento de 2020".
O PS alerta para a necessidade de se criar um grupo de trabalho para debater os impactos da regulamentação, que, segundo afirmou, não é uma responsabilidade apenas do Governo da República, liderado pelo socialista António Costa, mas também do executivo regional, presidido pelo social-democrata Miguel Albuquerque.
Na reunião de hoje, a Comissão Regional do PS/Madeira agendou o congresso da estrutura regional para os dias 23 e 24 de maio, já depois da eleição direta do presidente do partido e dos delegados ao congresso, marcada para 09 de maio.