Hong Kong irá deter ou multar quem incumprir a quarentena de duas semanas que será aplicada a partir de sábado a pessoas procedentes do território continental da China por causa do novo coronavírus detetado naquele país, foi hoje divulgado.
A região administrativa chinesa recusou fechar totalmente a sua fronteira com o território continental chinês por causa do surto do novo coronavírus, que já fez 636 mortos, mas espera que as regras de quarentena estabelecidas conseguiam dissuadir os viajantes oriundos da China.
As regras de quarentena também serão aplicadas a viajantes provenientes de outros países que tenham estado na China continental nos últimos 14 dias.
Segundo o plano estabelecido, citado pela agência norte-americana Associated Press (AP), os residentes de Hong Kong estão autorizados a cumprir a quarentena nas respetivas casas, enquanto os cidadãos estrangeiros devem ficar em hotéis ou arranjar acomodações alternativas.
Aqueles que não tiverem salvaguardado estas hipóteses serão enviados para campos de quarentena.
Trabalhadores de empresas de serviços de logística, camionistas ou tripulações de companhias aéreas estão isentos destas novas regras.
Quem não cumprir o período de quarentena estabelecido pelas autoridades de Hong Kong poderá incorrer numa pena de até seis meses de prisão.
O secretário-chefe da administração de Hong Kong, Matthew Cheung, exortou os cidadãos a exercerem a autodisciplina no cumprimento da quarentena, indicando que serão realizadas verificações aleatórias.
O representante, igualmente citado pela AP, garantiu que estas regras de quarentena não irão afetar o fluxo de mercadorias do território continental chinês e, como tal, segundo frisou Matthew Cheung, não existe qualquer necessidade de realizar compras motivadas pelo pânico.
As agências internacionais informaram hoje, entretanto, que os trabalhadores do setor da saúde de Hong Kong decidiram esta sexta-feira acabar com uma greve que exigia, entre outras questões, o encerramento total da fronteira com a China continental como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.
O fim da paralisação, que durou alguns dias, foi decidido após uma votação 'online'.
Uma maioria dos membros do sindicato Aliança de Trabalhadores da Autoridade Hospitalar de Hong Kong (3.600 membros) votou a favor do fim do protesto, contra 3.000 elementos que defenderam a continuação da paralisação.
O novo vírus (2019-nCoV) pertence à mesma família do vírus da síndroma respiratória aguda (SARS, na sigla em inglês), que atingiu 5.327 pessoas entre novembro de 2002 e agosto de 2003 e foi responsável por 800 mortes, a grande maioria na China.
Atualmente, e segundo os dados oficiais mais recentes, mais de 31 mil pessoas estão infetadas com o novo coronavírus na China, onde várias cidades têm imposto medidas drásticas de confinamento a dezenas de milhões de pessoas.
Uma dessas cidades é Wuhan, na província de Hubei (centro da China), onde o novo vírus foi identificado pela primeira vez e onde está identificado o epicentro do surto.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção do novo coronavírus confirmados em mais de 20 países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.