Os vereadores do PS na Câmara de Viseu estimam que, durante mais de 20 anos, tenha sido cobrado apenas um décimo da água consumida pelo Hospital de São Teotónio, naquela cidade, lesando o erário municipal num milhão de euros.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião de Câmara de hoje, o socialista Pedro Baila Antunes contou que houve um “erro muito grosseiro” na contagem, que se verificava desde a entrada em funcionamento do hospital, em 1997.
Na origem do erro esteve um contador de água que tinha a referência “x 10”, ou seja, o valor da leitura deveria ser multiplicado por dez para ser obtida a contagem real, mas os leitores-cobradores dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) não faziam essa multiplicação, nem as chefias se aperceberam da situação, explicou o vereador da oposição.
Fonte da autarquia liderada por Almeida Henriques (PSD) confirmou o erro dos SMAS, detetado há cerca de meio ano, mas não referiu os valores em causa.
Segundo a mesma fonte, foi aberto um inquérito para apurar a situação e a autarquia está a tentar negociar o pagamento com o Ministério da Saúde, aguardando a realização de uma audiência.
Pedro Baila Antunes frisou que houve “erros de toda uma cadeia hierárquica”, considerando, por isso, inadmissível, que tenham sido intentados “processos disciplinares à categoria mais reduzida dos colaboradores do SMAS e não a todas estas pessoas, dezenas de pessoas, que institucionalmente estiveram envolvidas nesta situação”.
O vereador socialista contou que o hospital de Viseu chegou a ser referido num estudo do Serviço Nacional de Saúde como “um exemplo nacional e internacional do consumo reduzido de água, bem abaixo de todas as médias de consumo de água por doente”.
No seu entender, os baixos consumos do Hospital de São Teotónio – inferiores até aos do Hospital Psiquiátrico de Abraveses - deviam ter causado estranheza, porque eram “ridículos de tão baixos”.
Na reunião de Câmara de hoje, Almeida Henriques informou que o Tribunal de Contas deu visto favorável à reabilitação da Casa das Bocas, onde será instalada uma Unidade de Saúde Familiar.
Esta decisão permitirá avançar para a consignação da empreitada, que o autarca espera que aconteça ainda este mês.
A instalação deste serviço de saúde na Casa das Bocas, que servirá 1.800 utentes, integra-se no plano estratégico de revitalização do centro histórico.
A obra está orçada em quase 1,9 milhões de euros e tem um prazo de execução de 20 meses.