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Vírus: Portugueses em casinos de Macau regressam a casa de férias ‘forçadas’

LUSA
06-02-2020 10:05h

Portugueses que estão a trabalhar em casinos de Macau, que foram obrigados a encerrar devido ao surto do novo coronavírus, disseram hoje à Lusa que vão regressar ao país para umas férias ‘forçadas’.

Com taxas de ocupação nos hotéis a descerem dramaticamente e com as salas de jogo fechadas por determinação do Governo de Macau, os ‘resorts’ integrados incentivaram os trabalhadores de vários departamentos a anteciparem as férias.

Vários portugueses contactados pela Lusa, que pediram para não serem identificados por não estarem autorizados a falar, explicaram que os casinos ofereceram um sistema de bónus (dias adicionais) aos trabalhadores que marcassem férias para estas próximas semanas.

No início da semana circularam informações de que os operadores estavam a enviar funcionários para casa sem vencimento, o que motivou uma reação do Governo de Macau, que expressou a sua oposição e lembrou a obrigatoriedade de as empresas cumprirem a legislação laboral.

A falta de trabalho efetivo e os preços das viagens para Portugal, mais baratas do que é habitual, muito por causa da diminuição de procura de voos devido ao surto do novo coronavírus chinês, convenceu os portugueses a optarem por um regresso temporário a Portugal.

De resto, o cônsul geral de Portugal em Macau e Hong Kong, disse hoje à Lusa que os portugueses “que não estão envolvidos numa atividade profissional contínua poderão ponderar deslocar-se até Portugal para rever família e amigos”.

As autoridades de Macau tomaram medidas excecionais para reduzir o risco de contágio do novo coronavírus, que já causou 563 mortos e infetou mais de 28 mil pessoas na China, onde começou o surto, numa cidade do centro do país, Wuhan, capital da província de Hubei.

Macau, onde foram identificadas dez pessoas infetadas com o novo coronavírus, fechou os casinos e anunciou o encerramento de espaços culturais e desportivos, bem como todo o tipo de negócios, o que praticamente está a paralisar a economia, já em recessão.

Na quarta-feira, o economista Albano Martins disse à Lusa que Macau pode perder 15 mil milhões de patacas (1,7 mil milhões de euros) do Produto Interno Bruto (PIB) em apenas 15 dias de paralisação económica. E que o Governo de Macau pode deixar de arrecadar receita no valor de 4,7 mil milhões de patacas (530 milhões de euros).

“Isto é uma projeção para apenas 15 dias. Se a situação se arrastar, e eu acredito que sim, então o impacto vai ser dramático, para a economia em geral, para as operadoras de jogo em particular, e para as pessoas”, sublinhou.

As receitas dos casinos em Macau já tinham descido 11,3% em janeiro, em relação a igual período de 2019, um resultado explicado pelas autoridades pelo surto do novo coronavírus, que reduziu o fluxo de jogadores na capital mundial do jogo.

Para ilustrar a dimensão da perda turística, o número de visitantes a Macau durante a chamada "semana dourada" do Ano Novo Lunar, de 24 a 31 de janeiro, desceu quase 80%, em relação a igual período de 2019.

No final de janeiro, a agência de notação financeira Fitch Ratings avisara que, caso o surto do coronavírus continuasse a alastrar, o impacto seria significativo, ainda que temporário, no fluxo de caixa dos casinos de Macau.

O Consulado-geral de Portugal estima que existem 170 mil portadores de passaporte português entre os residentes em Macau e em Hong Kong. Destes, apenas cerca de seis ou sete mil serão expatriados.

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