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Vírus: Chineses em Portugal impedidos de doar máscaras devido a aumento dos preços

LUSA
06-02-2020 09:56h

Um grupo de empresários chineses radicado em Portugal lamentou hoje o aumento dos preços de máscaras cirúrgicas nas farmácias portuguesas, quando estão a doar material médico para conter o surto de um novo coronavírus na China.

O empresário Xia Yu disse que o preço de uma caixa com 50 máscaras cirúrgicas pode custar até 25 euros, quase dez vezes o preço original. "Entendo que seja o mercado a funcionar, mas um aumento desta proporção, numa altura destas, não é razoável", considerou.

O empresário mostrou à Lusa uma fatura no valor de quase 1.800 euros, por um total de 110 caixas de máscaras cirúrgicas, numa despesa acrescida de 435 euros em portes de envio.

A República Popular da China atravessa uma grave crise de saúde pública, após um novo coronavírus (2019-nCoV), detetado em dezembro passado, na cidade de Wuhan, ter já causado 563 mortos e infetado mais de 28.000 pessoas.

Num gesto raro, o Governo chinês pediu esta semana a ajuda do resto do mundo, perante a necessidade urgente de repor as provisões de máscaras, fatos ou óculos de proteção, para conter a epidemia. Pequim agradeceu a vários países, incluindo França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, pelo envio de material médico.

"Observamos que os preços subiram em todo o país, o que torna incomportável fazer mais donativos", lamentou Xia. "Acreditamos que a maioria dos portugueses são amáveis e atenciosos, por isso é que escolhemos viver aqui", sublinhou.

Também na China alguns supermercados estão a cobrar até dez vezes o preço original e surgiram já denúncias sobre grupos criminosos que vendem máscaras usadas como novas.

O Ministério da Indústria chinês reconheceu esta semana que as fábricas para a produção de máscaras estão a operar apenas com 70% da capacidade máxima, já que a epidemia ocorreu em simultâneo com as férias do Ano Novo Lunar, entretanto prolongadas pelo Governo para limitar os riscos de contágio.

O país aumentou as importações de máscaras da Europa, Japão e Estados Unidos, segundo a mesma fonte.

A grande maioria das mortes e casos de infeção pelo novo coronavírus está concentrada na província de Hubei, cuja capital é Wuhan.

Em 23 de janeiro, Wuhan foi colocada sob quarentena, com as saídas e entradas interditadas pelas autoridades por período indefinido. A medida foi, entretanto, alargada a mais 15 cidades chinesas, próximas de Wuhan, afetando, no conjunto, mais de 50 milhões de pessoas.

Médicos de toda a China foram enviados para a região, onde hotéis e estádios estão a ser convertidos em hospitais, para responder à rápida propagação do vírus.

Wuhan começou também na terça-feira a transferir os primeiros pacientes para um hospital construído no prazo recorde de dez dias. Outro hospital, ainda maior, com capacidade para 1.600 camas, está em construção na cidade e deve abrir dentro de alguns dias.

Cerca de 200 casos foram identificados em mais de 20 países e na quarta-feira morreu um doente na região administrativa especial chinesa de Hong Kong.

Num paquete mantido em quarentena ao largo do Japão, o número de casos detetados subiu para 20, depois de terem sido observados 273 dos 3.700 passageiros a bordo. O contágio no navio começou com um homem que desembarcou na passagem do paquete por Hong Kong, em janeiro.

A Organização Mundial de Saúde declarou na quinta-feira passada uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

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