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Reestruturação dos sistemas de informação dos Hospitais de Coimbra gera ganhos para os utentes

LUSA
05-02-2020 11:25h

A profunda reestruturação dos sistemas de informação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) já está a gerar ganhos de eficiência no atendimento aos utentes, salientou o presidente desta unidade de saúde.

Desde o dia 23 de novembro de 2019, que o CHUC iniciou a implementação do sistema de informação "SONHO v2/Sclinico", depois de um ensaio na Maternidade Daniel de Matos, que tem como objetivo melhorar o atendimento aos seus utentes, agilizar os processos de trabalho dos profissionais e integrar informação clínica com os centros de saúde e os hospitais da região Centro.

"Esta transformação digital gera ganhos consideráveis ao nível de uma melhor integração da informação entre os vários profissionais, assim como a partilha de informação clínica com outras instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com impactos diretos no aumento da qualidade dos serviços prestados pelo CHUC aos seus utentes", sustentou Fernando Regateiro, presidente do conselho de administração.

Segundo disse à agência Lusa, o novo sistema de informação administrativa prevê "uma redução de horas de trabalho médicas e de enfermagem em registos documentais, um aumento de 20% de inscritos no Registo de Saúde Eletrónico, no final de dois anos, e um aumento muito significativo do número de acessos aos dados do CHUC pelos profissionais de saúde e outras instituições do SNS".

"Em termos da melhoria da eficiência e da qualidade, a nova filosofia de posto de trabalho assente em terminais ‘thinclients' concretiza uma redução dos tempos de paragem ou de latência no acesso à informação em cerca de 10 mil horas, além de uma redução de 52% do consumo energético", sublinhou.

O processo de modernização tecnológica "concretiza uma acentuada desmaterialização de processos, descontinua uma arquitetura informática desatualizada, reduz custos de manutenção e potencia a uniformidade das aplicações em uso referentes à prestação dos cuidados de saúde, e facilita a mobilidade interna dos recursos humanos e o acesso, em tempo útil e sem falhas de informação, aos dados clínicos dos doentes", acrescentou.

O processo ainda está no início, mas o novo sistema de informação inclui ainda a criação de um portal e da aplicação do utente mychuc@utente, que permite a alteração/atualização de dados pessoais e disponibiliza plano de cuidados, boletim de vacinas, comprovativos de presença, resumo dos episódios de saúde, histórico de medicação, lista de contactos dos seus médicos e consulta de lista de inscritos para cirurgia e consulta.

A preparação desta intervenção tecnológica, que foi coordenada por Rui Gomes, diretor dos Sistemas de Informação do CHUC, decorreu ao longo dos últimos dois anos e implicou a formação e capacitação de 1.500 trabalhadores, entre médicos, enfermeiros e assistentes técnicos, num total de 6.500 horas de formação.

"Os Hospitais da Universidade de Coimbra estavam informatizados, só que tinham uma informação fragmentada, em que algumas aplicações eram produto dos próprios profissionais de um determinado serviço", frisou Fernando Regateiro, salientando que o atual CHUC tem 50 serviços clínicos.

Os cuidados intensivos, por exemplo, e o serviço de medicina intensiva, "tinham aplicações e base de dados próprias, que ao longo dos anos foram construindo para registo, na ausência de um sistema uniforme".

"Eram aplicações com mérito e a funcionar, que resolviam os problemas dos seus doentes, só que o problema é que um grande hospital tem que trabalhar numa harmonia em rede para que haja uma integração de dados imediata quando alguém precisa de dados de um determinado doente que vai à Urgência ou que mudou de serviço", referiu o responsável.

Quando o sistema estiver na sua plenitude, um médico que trabalhe num serviço e se desloque a outro serviço para ver um doente ou esteja na urgência consegue, através de um terminal digital virtual, ter acesso à informação toda do paciente, sem ter de se deslocar ao seu serviço.

A necessidade de uniformizar o sistema de informação e de fundir os sistemas do antigo Centro Hospitalar e dos Hospitais da Universidade de Coimbra, após a fusão das duas estruturas, bem como de substituir equipamentos obsoletos, fez o CHUC avançar para um "choque tecnológico", que, segundo Fernando Regateiro, "foi seguramente uma das grandes migrações informáticas e transformações digitais da Europa", devido à dimensão do centro hospitalar.

O CHUC é a maior instituição hospitalar de Portugal, com cerca de 7.900 trabalhadores, 1.800 camas, 58.000 doentes saídos do internamento, 50 serviços clínicos e quase um milhão de consultas externas anuais.

"Houve necessidade, de facto, de fazer um choque digital, uma transformação digital a sério, que fosse muito além do que é simplesmente a mudança de um computador ou de uma aplicação. Foi necessário uniformizar sistemas de informação e foi também necessário fazer a fusão dos sistemas de informação [do Centro Hospitalar Geral e dos Hospitais da Universidade de Coimbra] e substituir ‘hardware’ obsoleto", sublinhou Fernando Regateiro.

Para o presidente do centro hospitalar, esta transformação digital "evidenciou que o CHUC tem recursos humanos de elevada competência e dedicação, sabem e querem responder em prontidão perante desafios e exigências de escala superior, como foi próprio deste processo".

"E, como antecipávamos também, a transformação digital está a ser um fator adicional de congregação do Hospital e de reforço da coesão das equipas", enfatizou.

O processo de modernização do sistema informático e tecnológico está apoiado em três candidaturas ao Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação da Administração Pública 2020, num total de cinco milhões de euros, 85% dos quais comparticipados.

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