A embaixadora são-tomense na China apelou hoje aos 17 estudantes do país retidos em Wuhan, epicentro do novo coronavírus, para que "mantenham a calma", numa altura de crescente ansiedade face ao isolamento da cidade chinesa.
"Quero apelar, aos estudantes e às respetivas famílias, para que mantenham a calma e a tranquilidade, não obstante a situação e o crescente número de infetados", disse Isabel Domingos à agência Lusa.
A diplomata disse que está em contacto com os jovens são-tomenses e que todos estão bem de saúde, mas lamentou que, numa altura em que se cumprem duas semanas desde que Wuhan foi colocada sob quarentena, os estudantes, "não tendo fim à vista", comecem a "cultivar o medo e o pânico".
Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes, foi colocada sob quarentena, em 23 de janeiro, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades chinesas por um período indefinido.
Vários países efetuaram, entretanto, o repatriamento dos seus cidadãos.
A diplomata disse que "essa é uma medida a ser estudada" também por São Tomé, "em função da evolução da situação", mas lembrou que o repatriamento exige que o Estado são-tomense garanta condições para colocar os estudantes em quarentena e prover tratamento adequado, no caso de haver alguém infetado.
O são-tomense Reginaldo Nascimento, estudante de engenharia civil em Wuhan, garantiu à Lusa que os funcionários da sua universidade "não estão a medir esforços" para garantir que os alunos "estão bem e seguros".
Os estudantes são submetidos a medições de temperatura diariamente e a universidade está a fornecer máscaras e mantém as cantinas abertas durante todo o dia, contou.
Nascimento apontou, porém, para casos de ansiedade entre alguns colegas.
"Não estão a conseguir acalmar os ânimos", disse.
No total, há mais de 160 estudantes oriundos de São Tomé e Príncipe em todo o continente chinês.
A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Foram 64 as mortes na China registadas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de Pequim.
A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na semana passada uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.