A previsão de crescimento da economia mundial vai ser revista em baixa devido ao novo coronavírus que surgiu na China, advertiu hoje o presidente do Banco Mundial, David Malpass.
"A previsão (de crescimento da economia mundial) vai baixar, pelo menos para a primeira metade de 2020, em parte devido à China (afetada pelo vírus), em parte devido às cadeias de abastecimento", declarou Malpass, num debate com a antiga presidente do banco central norte-americano, Janet Yellen, promovido por um centro de reflexão.
A instituição tinha anunciado no início de janeiro que esperava uma recuperação no crescimento mundial em 2020, apontando para 2,5% depois de 2,4% no ano passado.
Malpass assinalou que uma parte dos bens chineses são transportados (para outros países) em aviões comerciais de passageiros e muitas companhias aéreas suspenderam os voos de e para a China devido à epidemia.
Por sua vez, Janet Yellen espera que a atual situação tenha "um efeito significativo" no crescimento chinês, pelo menos no primeiro trimestre, podendo também refletir-se no segundo.
"E a China representa uma parte importante da economia mundial, o que deve ter um efeito de contágio" e alimentar a incerteza, acrescentou.
Mas Yellen acabou por sublinhar que no passado episódios semelhantes mostraram que os efeitos são significativos na economia a curto prazo, mas "a longo prazo, parecem ter um efeito relativamente pequeno".
David Malpass lembrou que a ciência tem progredido e disse ter esperança numa resposta científica para dominar o vírus.
Na segunda-feira, o Banco Mundial exortou todos os países a "reforçarem a vigilância sanitária e as respostas dadas" à epidemia para conter a sua propagação.
O surto causado pelo novo coronavírus já provocou pelo menos 427 mortos, de acordo com números oficiais.
Mais de 20 mil pessoas foram infetadas e o medo de uma maior propagação tem paralisado a China, com repercussões na economia mundial ainda difíceis de quantificar.