O chefe do Executivo de Macau admitiu hoje que o território está a ponderar encerrar as fronteiras com a China, mas para já apenas está decidida o encerramento temporário dos casinos, devido ao novo coronavírus.
O primeiro passo é suspender as atividades dos casinos, “depois vamos analisar”, afirmou, em conferência de imprensa, Ho Iat Seng, sem excluir o encerramento das fronteiras com a China.
O objetivo principial é reduzir a circulação de pessoas, depois do encerramento dos casinos, o Governo vai analisar se vai tomar novas medidas, indicou.
As diferentes medidas a tomar dependem da fase em que o surto se encontrar, disse, sem concretizar.
Ho Iat Seng referiu ainda que a encerramento das fronteiras é uma decisão difícil porque tem de avaliar o impacto no fornecimento de alimentos ao território e na rotina diária de muitos residentes de Macau e de muitos trabalhadores do território que vivem na China.
"Não estamos a encerrar nenhuma fronteira, não vão a correr comprar alimentos. Temos 'stock' suficiente, não se preocupem", garantiu.
Desde as 00:00 (20:00 em Lisboa) de hoje, Hong Kong fechou quase todas as fronteiras terrestres e marítimas para o continente para impedir a propagação do novo coronavírus. Apenas dois postos de controlo de fronteira, a Baía de Shenzhen e a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, vão continuar abertos.
Hong Kong "não falou com a parte de Macau", sobre esta decisão, adiantou Ho Iat Seng, que anunciou a suspensão das atividades dos casinos durante duas semanas, na sequência de mais dois casos confirmados do novo coronavírus, um deles uma funcionária de um casino.
“Vamos pedir aos casinos para suspender o serviço durante duas semanas”, disse Ho Iat Seng em conferência de imprensa, pouco depois de se ter confirmado mais dois casos de infenção de novo coronavírus. Macau regista agora 10 casos confirmados.
O responsável assumiu ter sido uma “decisão difícil” e que “vai causar muitos danos económicos, mas Macau consegue assumir esse risco”.
O líder do executivo disse ainda que os serviços básicos da função pública estão suspensos e que só se vão “manter os serviços urgentes”.
O responsável apelou ainda à população para que não saia de casa e “reduza ao máximo as atividades comerciais”.
“Não posso mandar encerrá-los”, disse, sobre os espaços comerciais, mas “se não tiverem clientes, os próprios comerciantes vão decidir encerrar os negócios".
O número de pessoas infetadas em Macau com o novo coronavírus subiu hoje para dez, no mesmo dia em que a China elevou para 426 mortos e mais de 20.400 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Hong Kong anunciou, esta manhã, a primeira morte relacionada com o coronavírus. Um residente de Hong Kong de 39 anos morreu vítima de pneumonia viral causada pelo novo coronavírus, na primeira morte registada na região administrativa especial chinesa e na segunda fora da China continental.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.