O Governo do Brasil anunciou hoje que vai elevar o nível de alerta em relação ao novo coronavírus, passando para estado de emergência em saúde pública, para facilitar o repatriamento de brasileiros que estão na cidade chinesa de Wuhan.
Apesar do país sul-americano não ter casos confirmados de coronavírus, o ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, afirmou hoje que, apesar do nível 03 - correspondente ao estado de emergência em saúde pública -, apenas ser ativado quando há certezas de infetados em território nacional, o executivo abrirá uma exceção.
"Vamos entrar no nível 03 (...) para podermos dar condições aos demais órgãos para poderem fazer, por exemplo, a saída de um avião, para ir à China e voltar. Pessoas vão ter de ser designadas para ficar num ambiente que vai ser espaço de quarentena, equipamentos, enfim. É uma situação totalmente de atipia”, explicou Mandetta em conferência de imprensa.
O governante acrescentou: "Sem o estado de emergência eu não consigo ter medidas de agilidade para lidar com uma situação dessas. (....) O estado de emergência vai servir, inclusive, para viabilizar essa operação de repatriamento, que vai ter custos não previstos".
O Brasil está a preparar a retirada de 28 cidadãos brasileiros que ficaram retidos em Wuhan, cidade chinesa colocada sob quarentena devido ao novo coronavírus, disse hoje à Lusa fonte da embaixada do país na China.
Contudo, o ministro da Saúde declarou que 40 brasileiros demonstraram vontade de sair de Wuhan, mas que os números finais ainda estão em aberto.
Brasília anunciou, no domingo, que decidiu enviar um avião para repatriar os brasileiros que se encontram nas cidades afetadas pela quarentena.
"Serão trazidos todos os brasileiros que se encontram naquela região e que manifestarem desejo de retornar ao Brasil", lê-se no comunicado, difundido em conjunto pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.
A mesma nota divulgou que os brasileiros que forem retirados de Wuhan serão submetidos a quarentena quando chegarem ao Brasil.
"Duas brasileiras, que se encontravam em Wuhan e também possuíam nacionalidade portuguesa, já embarcaram em voo francês que transportou cidadãos da União Europeia. Elas farão quarentena em Portugal”, conclui o comunicado.
Num primeiro momento, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, opôs-se ao repatriamento do grupo de brasileiros que se encontra em Wuhan, considerando que milhões de cidadãos poderiam ser colocados em risco, mas acabou por mudar a sua posição no fim de semana, após um apelo público.
Num vídeo publicado nas redes sociais, vários brasileiros na China leram uma carta na qual enfatizaram que nenhum deles está infetado pelo vírus, lembraram que outros países já repatriaram os seus cidadãos, e expressaram a sua disposição de seguir os requisitos de saúde necessários para poderem regressar ao seu país.
Luiz Mandetta informou que o Governo fixou em 18 dias o período de quarentena pelo qual passarão os brasileiros que regressarão da China.
Na manhã de hoje, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse à Rádio Gaúcha que as cidades de Anápolis, no estado de Goiás, Florianópolis, no estado de Santa Catarina, ou uma localidade no Nordeste podem ser escolhidas para receber os cidadãos de quarentena.
No Brasil, existem 16 casos suspeitos de coronavírus, metade deles no estado de São Paulo, mas até ao momento nenhum foi confirmado, segundo o último relatório do Ministério da Saúde.
A China elevou hoje para 362 mortos e mais de 17 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.