O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia considerou hoje “razoável” o calendário anunciado pelo Ministério da Saúde para obras da fase C do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E).
“Este calendário, podendo parecer um calendário de extensão para 2022/2023, é o calendário razoável para quem vai lançar o concurso ainda este ano. O problema é que, em alguns casos, há procedimentos concursais que demoram mais do que a obra propriamente dita”, disse Eduardo Vítor Rodrigues hoje, à margem de uma reunião da câmara.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde adiantou, em resposta escrita enviada à agência Lusa, que o concurso para as obras da face C, no valor de 60 milhões de euros, do CHVNG/E será lançado no segundo semestre deste ano.
“Este investimento, cujo lançamento do concurso se prevê no segundo semestre de 2020 e que possa estar terminado no final de 2022, está na fase de elaboração de projeto”, refere uma resposta escrita enviada pela tutela à agência Lusa.
Contactado o Ministério da Saúde, este referiu que o final do concurso internacional “deverá acontecer em 2022”, pelo que o início da obra “estima-se para 2023”.
Hoje, à margem de uma reunião de câmara descentralizada que se realizou na Junta de Freguesia da Afurada, Eduardo Vítor Rodrigues (PS) mostrou-se confiante na execução das datas avançadas pelo Governo socialista de António Costa, uma opinião diferente da do autarca de Espinho, Joaquim Pinto Moreira (PSD), que na semana passada acusou a tutela de “demagogia”.
Pinto Moreira atribuiu essa calendarização a motivos eleitorais, em primeiro lugar porque, na prática, a referida fase C dos trabalhos “não arrancará antes do final de 2023” e, em segundo, porque o Ministério está a comunicar “uma obra que já tinha sido prometida e anunciada pelo Governo anterior” e o faz “sem ter ainda concluído a fase B, que se arrasta sem fim à vista”.
O presidente da Câmara de Espinho considerou o anúncio da tutela “inaceitável e da mais chocante demagogia”, porque “o que existe neste momento da fase B é um edifício vazio sem equipamentos, sem utilização e sem os serviços de Urgência e Imagiologia que já deviam estar a funcionar há um ano para benefício dos 700 mil utentes a sul do Douro que diariamente acorrem àquela unidade hospitalar”.
Sobre estas declarações do seu homologo de Espinho, Eduardo Vítor Rodrigues referiu “percebê-las”, ironizando com “promessas anteriores” feitas por Governos sociais-democratas.
“Percebo as preocupações dele, porque por várias vezes os Governos PSD propuseram-se a fazer coisas no hospital que depois não foram mais do que vapor. O PS tem assumido os seus compromissos e, até provem o contrário, confio”, disse o autarca de Gaia.
Em causa uma empreitada, a face C de obras no CHVNG/E, que, acordo com dados da tutela, “permitirá, antes de mais, garantir a integridade do edificado das fases A e B”.
“Referir que a opção por uma construção faseada determina a necessidade de continuidade da obra, sem qualquer interrupção, sob pena de degradação do edificado construído e de graves impactos para a atividade assistencial do hospital”, descreveu à Lusa o gabinete da ministra Marta Temido.
Na fase C “será possível integrar os serviços da Unidade 02 na Unidade 01, concentrar os serviços de internamento num único núcleo central, sem qualquer dependência de transportes para o doente internado, bem como aumentar a capacidade instalada do bloco operatório e garantir condições de dignidade, segurança e conforto do doente internado”, acrescentou a tutela.
Esta obra integra o Plano de Reabilitação Integrado, no valor total de cerca de 86 milhões de euros, que o CHVNG/E tem em curso.
Este plano tem três fases previstas, tendo como “principais objetivos centralizar serviços, organizar o Hospital Eduardo Santos Silva [em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto] de modo a possibilitar a ligação entre os três pavilhões principais e qualificar e redimensionar alguns serviços, nomeadamente o Serviço de Urgência”.
O Ministério da Saúde precisou, ainda, que a fase A, no valor de aproximadamente 13 milhões de euros, está concluída e consubstancia-se na construção de um novo edifício hospitalar, incluindo a sua ligação aos pavilhões, acabamento parcial do serviço de radiologia e aquisição de alguns equipamentos.
Quanto à fase B – que está em execução com um investimento estimado de 13 milhões de euros, dos quais cerca de seis milhões são fruto de financiamento comunitário – a tutela prevê a conclusão total da intervenção ainda no primeiro semestre de 2020.
“Nesta fase está prevista a construção do serviço de urgência, construção de uma unidade de internamento, com 30 camas, e a conclusão do serviço de radiologia”, descreveu o Ministério da Saúde.