Um ano após a chegada da pandemia da COVID-19 a Portugal, os números de novas infeções e de mortos estão a diminuir, mas António Maia Gonçalves, diretor médico da Unilabs Portugal, alerta que o “desconfinamento tem de ser gradual”.
Ao Canal S+, o diretor da Unidade de Cuidados Intensivos e Medicina Interna da Casa de Saúde da Boavista, no Porto, sublinha que a testagem continua a ser determinante para controlar e até vencer a doença. “Tudo o que vimos foi nos países em que se conseguiu fazer essa testagem, conseguiu-se controlar objetivamente a pandemia”.
O responsável pela formação pós-graduada no Hospital de Braga admite que “os laboratórios tiveram de se adaptar a uma grande escala para fazer testes antigénio de forma automática”, mas para o clínico esse é o caminho a seguir.
“300 mortos por dia e 15 mil casos como tivemos em janeiro, agora ninguém vai querer repetir isso”, garante o responsável da Unilabs.
Sobre o desconfinamento prometido pelo Governo para meados deste mês, e que deverá começar pelas escolas, António Maia Gonçalves defende a testagem e a vacinação de professores e auxiliares de ação educativa, atendendo à sua forte exposição e risco.
O diretor da Unidade de Cuidados Intensivos e Medicina Interna da Casa de Saúde da Boavista, no Porto, recorda que “a contagiosidade até aos 12 anos é muito baixa, mas os grupos dos 12 aos 18 atingiram uma incidência muito grande”.
O especialista evoca as guidelines internacionais que “nos indicam que devemos rastrear as escolas com uma periodicidade mínima quinzenal”.
No Porto, onde a Câmara Municipal uniu esforços com o Hospital de São João e a Unilabs está montado um drive through, no queimódromo, preparado para vacinar o maior número possível de pessoas da área metropolitana, assim que cheguem a Portugal as vacinas suficientes.
António Maia Gonçalves afirma que o sistema drive through “é uma maneira de acelerar a situação”. De resto, o diretor clínico da Unilabs lembra que a 14 de março de 2020 tinham em funcionamento o primeiro drive through no Porto, apenas doze dias depois do primeiro caso diagnosticado no país.
O diretor médico da Unilabs tem esperança que dentro de pouco tempo possa surgir, através da indústria farmacêutica, um antivírico de largo espectro capaz de combater o SARS-COV 2.
António Maia Gonçalves admite que se trata de um grande desafio, mas não é impossível, dado que já aconteceu com o vírus da gripe A e com o HIV.
Atento à influência das novas variantes do SARS-COV 2 na evolução da pandemia, António Maia Gonçalves acredita que a imunidade de grupo seja alcançada em Portugal quando cerca de 70% da população estiver inoculada.
O diretor médico da Unilabs acredita ainda que o comportamento dos portugueses, depois da pandemia, vai mudar. Para o clínico a maioria vai continuar a ter os cuidados recomendados de etiqueta respiratória como o uso de máscara, o distanciamento social ou a preferência por espaços mais arejados.
A Unilabs Portugal tem uma parceira com o INSA -Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge para deteção e rastreio de novas estirpes de SARS-COV 2.
Até ao momento foram resgistados em Portugal um caso da variante sul-africana e sete da brasileira – com origem em Manaus – seis dos quais foram identificados pela Unilabs e um pelo laboratório Synlab.