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Covid-19: “A imunidade de grupo depende de mais do que uma variável. “– diz investigador principal do Instituto de Medicina Molecular (IMM)  

CANAL S+ / VD
01-03-2021 18:15h

Luís Graça, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular (IMM) recorda, em entrevista ao Canal S+, que “a imunidade de grupo depende de mais do que uma variável”.

O professor da Imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa explica que as novas mutações do SARS COV-2 com maior transmissibilidade, como é o caso da estirpe oriunda do Reino Unido, forçam necessariamente um maior número de pessoas imunizadas, para conter o avanço da pandemia.

 

Ao Canal S+, o imunologista Luís Graça congratula-se com o passo dado pela farmacêutica Moderna, que anunciou ter atualizado a sua vacina para responder de forma mais eficaz à nova variante do SARS COV 2, oriunda da África do Sul.

Ainda assim, o especialista afirma que a prioridade continua a ser “proteger a população vulnerável de internamento hospitalar e da morte”.

Perante as notícias de atrasos sofridos na produção das vacinas, já autorizadas na União Europeia, Luís Graça explica que “é natural que haja um certo desajustamento entre as expectativas do mundo e a capacidade real de produção de vacinas”.

Para o professor de Imunologia “na verdade as vacinas baseadas em RNA permitem uma produção extremamente mais rápida do que as vacinas convencionais”, assegura.

Perante a decisão anunciada hoje Governo de adiar a segunda toma da vacina da Pfizer, de 21 para 28 dias, para deste modo vacinar mais 100 mil portugueses, o professor Luís Graça aplaude a medida, dado que já existe evidência, através de estudos na Escócia e no Reino Unido, de que um atraso até 42 dias, mesmo para pessoas mais velhas, não reduz a eficácia da vacina.

No que respeita à possível introdução na Europa da vacina russa Sputnik e da chinesa Sinopharm, o professor de Imunologia da Universidade de Lisboa afirma que “É importante termos consciência que nós na Europa, nos EUA ou no Reino Unido exigimos um padrão de qualidade dos medicamentos muito elevado. “

Luís Graça sublinha que “todos os medicamentos utilizados nos nossos países têm de obedecer a critérios que garantem que são seguros e eficazes. Muitas vezes essa eficácia não tem só a ver com o artigo científico publicado na revista. É preciso garantir que, de lote para lote, o produto é consistente”, explica o académico.

O imunologista, Luís Graça, é investigador principal do IMM, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e integra a comissão técnica de vacinação contra a covid-19 da Direção Geral da Saúde (DGS).

 

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