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Covid-19: Comissão de acompanhamento dos Açores diz que houve "evolução bastante positiva"

LUSA
18-02-2021 14:58h

O presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta Contra a Pandemia nos Açores considerou hoje que a situação epidemiológica da região teve uma “evolução bastante positiva”, mas apelou ao cumprimento das medidas de contenção.

“Sabemos que a realidade epidemiológica é boa e, em termos de números, é baixa na região, no entanto, um descuido pode levar a que se perca tudo. Todos nós precisamos de continuar a cumprir com as medidas de prevenção e a manter os cuidados”, afirmou Gustavo Tato Borges, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, em conjunto com o secretário regional da Saúde dos Açores, Clélio Meneses.

Segundo o presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta Contra a Pandemia nos Açores, a região teve um pico de casos de infeção pelo SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, “na segunda semana do ano”, mas desde então registou “uma tendência decrescente consolidada”.

“Temos uma evolução bastante positiva da pandemia nos Açores”, sublinhou.

A exceção é a vila de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, que mantém 60 casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus, 39 dos quais diagnosticados nos últimos sete dias.

“Na última semana, 39 novos casos foram em Rabo de Peixe, enquanto 16 foram no resto do arquipélago. Isso demonstra verdadeiramente a diferença que temos entre a incidência neste local e no resto”, apontou Gustavo Tato Borges.

Para o médico especialista em saúde pública, é preciso “uma diminuição da mobilidade dentro da própria família” e “mais de contenção nos contactos”.

“Temos na freguesia de Rabo de Peixe uma realidade muito particular. Temos agregados familiares residenciais muito grandes, muitas vezes sem possibilidade de haver afastamento entre as pessoas e há um convívio muito grande dentro da família mais alargada”, justificou.

Gustavo Tato Borges apelou a que as pessoas diagnosticadas com a infeção “aceitem ser realocadas para proteção da sua própria família”.

“A cerca sanitária proíbe a circulação, proíbe a saída da freguesia, mas torna-se impossível nós estarmos constantemente à porta de casa de cada um a dizer que não pode sair e tem de ficar em casa. Tem de partir da mudança de atitude de cada um”, frisou.

Apesar da contestação à manutenção da cerca sanitária em Rabo de Peixe, que vigora desde 13 de janeiro, o presidente da comissão de acompanhamento disse que a medida protege não só as restantes localidades da ilha de São Miguel como a própria vila.

“Na ilha de São Miguel nós temos 43 ou 44 casos suspeitos da nova variante do Reino Unido e nenhum deles em Rabo de Peixe. Se permitirmos alguma circulação maior, corre-se o risco de alguém da freguesia de Rabo de Peixe poder entrar em contacto com um destes casos e poder levar para dentro da sua freguesia uma estirpe que é muito mais virulenta e até 70% mais mortal”, alertou.

Até ao momento foram confirmados apenas três casos da nova variante inglesa nos Açores, mas foram enviados ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge cerca de 60 análises suspeitas.

Na ilha do Pico surgiu recentemente uma nova cadeia de transmissão do SARS-CoV-2, com cinco pessoas, mas Gustavo Tato Borges disse não acreditar “que seja uma situação que vá criar preocupações ao nível de se alastrar de forma alargada para a ilha”.

“São pessoas que têm ligação entre elas. Na ilha do Pico não há transmissão comunitária, há uma cadeia bem identificada, que tem várias pessoas que estão a ser estudadas e é possível que dentro dos próximos dias possa haver mais um ou outro caso positivo”, frisou.

Os Açores têm atualmente 91 casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus, dos quais 76 em São Miguel, sete na ilha Terceira, seis no Pico, um no Faial e um em Santa Maria.

Desde o início do surto foram detetados na região 3.809 casos, tendo ocorrido 29 óbitos e 3.585 recuperações.

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