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PCP pede audição urgente da ministra da Saúde no parlamento sobre Hospital de Cascais

LUSA
14-05-2019 18:39h

O PCP pediu hoje a audição da ministra da Saúde, Marta Temido, na Assembleia da República, com caráter de urgência, para prestar esclarecimentos sobre a alegada falsificação de resultados clínicos no Hospital de Cascais para aumentar as receitas.

Além de Marta Temido, os comunistas pretendem ouvir, também sobre este assunto, a Inspeção Geral de Atividades em Saúde, o Tribunal de Contas e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

“No seguimento da reportagem emitida ontem, dia 13 de maio, no Jornal da Noite da SIC, sobre as suspeitas de falseamento de resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência no Hospital de Cascais, o grupo parlamentar do PCP requereu a audição, com caráter de urgência, das seguintes instituições: Inspeção Geral de Atividades em Saúde, Tribunal de Contas, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Ministra da Saúde”, informa o partido numa nota enviada aos jornalistas.

Para o PCP, “é da mais extrema importância esclarecer os dados agora conhecidos e exigir respostas concretas e urgentes para impedir que tais práticas prossigam”, refere a mesma nota.

Um grupo de antigos e atuais profissionais do Hospital de Cascais acusa a administração de falsear resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência para aumentar as receitas que são pagas à parceria público-privada.

Uma reportagem exibida na segunda-feira pela SIC relata a situação e adianta que a denúncia já chegou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e ao Ministério Público.

Atuais e ex-funcionários ouvidos no âmbito da reportagem denunciam que eram impelidos a aligeirar sintomas ou o caso de doentes, para que os algoritmos da Triagem de Manchester dessem uma cor de pulseira verde em vez de amarela, por exemplo, para que os tempos máximos de espera não fossem ultrapassados.

A Triagem de Manchester define, através de cores, a prioridade dos doentes em urgência.

O incumprimento dos tempos de espera pode fazer o hospital incorrer em penalizações financeiras.

“É o que consta do contrato entre a entidade gestora do Hospital de Cascais – o grupo privado Lusíadas – e o Estado. Tal como os outros hospitais com parcerias público-privadas (PPP), as urgências em Cascais são pagas com base na disponibilidade do serviço, o que implica cumprir os tempos de espera”, recorda a reportagem.

A SIC, que também ouviu doentes tratados na instituição, dá ainda conta de suspeitas de acrescento de informação clínica nas fichas dos doentes, alegadamente para aumentar a severidade dos utentes.

Isto serviria para influenciar o financiamento que o hospital recebe, que é calculado através do “case-mix”, um índice de ponderação da produção de um hospital que reflete a maior ou menor complexidade das situações.

As suspeitas estão a ser avaliadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e pelo Ministério Público, entidades a quem um grupo de atuais e antigos profissionais do hospital fez queixa, refere a SIC.

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