Paulo Paixão tem estado a acompanhar, desde o momento zero, a pandemia da COVID-19. Entrevistado pelo S+, afirma que “a variante brasileira do SARS-COV 2 registada em Manaus, é pior que a britânica”.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia confirma que a mutação inglesa tem vindo a aumentar a sua incidência na Europa e em Portugal, mas não acredita que a subida exponencial do número de novos casos de infeção por COVID-19 se deva, neste momento, às mutações do novo coronavírus. Ainda assim, o virologista garante que quer a variante inglesa, quer a brasileira podem agravar em muito a situação no futuro.
Para Paulo Paixão a “situação deve ser monitorizada, com um programa de vigilância e rastreio de todos os brasileiros e portugueses que vêm do Brasil para Portugal”, mas ainda não é o momento para encerrar fronteiras e interromper os voos entre os dois países.
O especialista receia que a variante brasileira, a avaliar pelo que está a acontecer em Manaus, leve “a uma menor resposta dos nossos anticorpos à nova variante”. Paulo Paixão diz que se pode tratar de “um perigo concreto e real”, dado que em Manaus “79% das pessoas já tinham estado em contacto com o SARS-COV 2, ou seja, muito perto da imunidade de grupo e surgiram novos casos”, assegura.
O virologista relembra que todos os vírus sofrem mutações, “sobretudo os que possuem RNA (ácido nucleico)”. Foi por isso, explica Paulo Paixão “que nunca se encontrou uma vacina para o HIV”. O presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia acredita que por causa das mutações frequentes do SARS-COV 2, a vacinação contra a COVID-19 se torne anual, de modo a garantir a devida imunidade.
Sobre as vacinas já aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento, nomeadamente a da Pfizer e da Moderna, Paulo Paixão acredita que com facilidade consigam, adaptar-se às mutações do SARS-COV 2.
O virologista afirma que “construir uma vacina nova é fácil, outra coisa é produzi-la e distribuí-la por todo o mundo”. Paulo Paixão contém-se ainda nos comentários à nova vacina da Jonhson & Johnson. A farmacêutica norte-americana anunciou, a semana passada, os resultados dos ensaios clínicos de fase 2. Em comunicado, a empresa farmacêutica afirma que “após uma única toma, a vacina da Johnson & Johnson forneceu uma resposta imune que durou pelo menos 71 dias, a duração do tempo medido neste estudo em participantes dos 18 aos 55 anos”.
Sobre o alerta que a China tem vindo a fazer, de forma periódica, para a deteção de SARS-COV 2 em alimentos e produtos alimentares como é o caso de gelados, Paulo Paixão recorda que “estamos perante um vírus respiratório”, logo “os chineses têm de demonstrar que encontraram vírus em alimentos e que houve transmissão”, defende o virologista.
O aumento de casos de infeção por SARS-COV 2 motivou o Governo a decretar um novo confinamento geral que, durante o fim de semana, acabou por não ser cumprido da mesma forma pela população como em Março de 2020.
Já esta tarde e após reunião extraordinária do Conselho de Ministros, António Costa reforçou o pacote de medidas para tornar mais eficaz os resultados, mantendo apesar de tudo as escolas abertas.