O Governo timorense está a implementar medidas preventivas, incluindo a verificação da temperatura nas fronteiras do país, para controlar o contágio do novo vírus de pneumonia viral, que já causou nove mortos entre as mais de 440 pessoas infetadas.
“Estamos a implementar estas medidas, em coordenação com a Organização Mundial de Saúde e envolvendo todos os Ministérios relevantes”, explicou à Lusa a ministra interina da Saúde, Élia Amaral.
As medidas incluem a preparação de novas declarações de saúde que terão que ser preenchidas por qualquer pessoa que entra nas fronteiras do país, nomeadamente no Aeroporto de Díli e nas fronteiras marítimas.
Será ainda estabelecido um sistema de verificação da temperatura dos visitantes ao país, com uma triagem de casos suspeitos que, se surgirem, serão mantidos em isolamento numa ala do Hospital Guido Valares até que seja feita a despistagem da doença.
O assunto marcou hoje a reunião do Conselho de Ministros que aprovou uma resolução referente à Adoção do Regulamento Sanitário Internacional, um dispositivo legal internacional, criado no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS) “que estabelece procedimentos e medidas sanitárias para proteção da saúde pública, no sentido de impedir a propagação internacional de doenças”.
Élia Amaral explicou que Timor-Leste é signatário desse regulamento desde a sua aprovação em 2002 na Assembleia Mundial da Saúde, tendo adotado os documentos relevantes dez anos depois, mas não tendo, até agora, sido aprovada a resolução da sua implementação.
Vai agora ser criada uma Comissão Interministerial que será responsável pela implementação, pela coordenação, pela avaliação e pela monitorização do Regulamento Sanitário Internacional.
Trata-se, explicou, de regular internamente o defino neste regulamento internacional para “aumentar a capacidade de vigilância e dar resposta a surtos em casos de emergências e ameaças à saúde pública”.
“É um instrumento paria definir procedimentos, para ajuda na proteção contra transmissão de doenças contagiosas a nível internacional e que envolve várias questões técnicas e infraestruturas, e outra para responder em casos de emergência”, frisou Amaral.
O assunto, explicou, tem sido analisado em várias reuniões preparativas devendo folhetos informativos e uma campanha arrancar em breve para informar sobre os riscos da doença para quem visite locais em risco.
Élia Amaral recordou que Timor-Leste já adotou, no caso dos vírus Zika e SARS, algumas medidas deste tipo no passado, ativando agora Comissão de Surtos, para acompanhar de perto a situação.
“Teremos o apoio da OMS para instalar nos sítios das fronteiras sistemas para que passageiros que entram e saem possam ser testados para se tiver febre serem alvo de triagem”, referiu Amaral.
“Foi aprovada ainda uma resolução do governo para uma comissão interministerial que envolva os ministérios relevantes, para ver as questões de segurança, controlo e prevenção e evitar que a doença se espalhe a Timor-Leste”, notou.
A doença, que se julga ter tido início no centro da China, em Wuhan – uma cidade com cerca de 11 milhões de habitantes -, já atingiu vários países e territórios e ameaça espalhar-se mais, já que milhões de chineses vão viajar nos feriados do Novo Ano Lunar, que se comemora a 25 de janeiro.
Sudath Perist, da OMS em Timor-Leste, disse à Lusa que a organização está a apoiar o Governo com várias medidas, estando a ser impressas 20 mil declarações de saúde e 20 mil folhetos informativos.
“A medida essencial é introduzir controlos para travar a transmissão das doenças. Já falámos também com os serviços de imigração e as companhias aéreas para começar a implementar o mais rapidamente possível estas medidas”, referiu.
“É algo complexo e que coloca desafios ao sistema de saúde timorense. Daremos ainda apoio a nível do Laboratório Nacional para poder ter aqui os reagentes necessários para testar para a doença e que, para já, ainda só estão disponíveis em poucos países”, notou.
O responsável da ONU disse haver indicação de que a doença terá já chegado a 15 países, com a preocupação no caso de Timor-Leste a dever-se ao facto de haver ligações aéreas diárias entre a região afetada na China e a ilha indonésia de Bali, de onde há voos diretos diários para Díli.
“Temos ainda uma comunidade chinesa significativa em Timor-Leste, especialmente em Díli, e temos que perceber se essa comunidade tem contactos diretos com essa cidade na China”, explicou Peires.
Preocupados com um surto global semelhante ao do SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), outro vírus que se espalhou da China para mais de uma dúzia de países em 2002-2003, várias nações adotaram medidas de rastreamento dos viajantes da China, especialmente daqueles que partem de Wuhan, a cidade onde o vírus parece ter tido origem.