Com o aumento do número de infeções registado nos últimos dias, em Portugal e na Europa, a pressão sobre a indústria farmacêutica cresce. Apesar de só terem passado sete meses sobre a chegada da COVID-19, o investigador Miguel Castanho adianta ao Canal S+ que “começaram a prometer-nos vacinas muito cedo”.
O diretor do Laboratório de Bioquímica e Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes explica que “passou pouquíssimo tempo. A boa notícia é que a comunidade científica começou a trocar informação muito cedo. O básico foi muito rápido e isso nunca tinha acontecido antes”, atesta.
Com os governos mundiais a endurecerem as medidas restritivas de circulação de pessoas para conter o avanço da pandemia da COVID-19, Miguel Castanho admite que é “natural existir um certo cansaço”, mas lembra o investigador que “o tempo dos investigadores e da indústria não é igual ao das sociedades civis”.
Para o Diretor do Laboratório de Bioquímica e Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, as fases de desenvolvimento e de investigação têm de ser rigorosamente cumpridas até que surja uma vacina ou uma terapêutica verdadeiramente eficaz. “Se aparecer…”, lembra o investigador de bioquímica, “dado que em muitas outras patologias, como por exemplo a Hepatite C isso se persiga há 30 anos”.
Para Miguel Castanho, mesmo que se alcance uma vacina contra a COVID-19, capaz de eliminar os efeitos do vírus SARS-COV 2 será preciso produzir, de seguida, a vacina em escala suficiente para satisfazer as necessidades mundiais. “Talvez em 2024, o mundo tenha um grau de vacinação considerável”, antecipa o especialista e investigador em bioquímica do IMM João Lobo Antunes.
Nas últimas semanas, a AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e, de seguida, a Johnson & Johnson suspenderem os ensaios clínicos em curso das suas potenciais vacinas contra a COVID-19 por um dos participantes, em cada um dos casos, ter desenvolvido complicações a nível neurológico.
Já no Brasil, a vacina chinesa contra o novo coronavírus do laboratório chinês Sinovac, - a Coronavac -, na terceira fase de desenvolvimento, demonstrou ser segura em testes feitos no Brasil, anunciou João Dória, Governador do Estado Brasileiro de São Paulo.
A vacina chinesa foi aplicada em nove mil voluntários, com idades entre 18 e 59 anos, e apenas 35% reportaram reações leves como dor no local da aplicação (19%) ou dor de cabeça (15%). Até ao momento, não houve qualquer registo de efeito colateral grave.
A partir de outubro, a testagem da vacina Coronavac contra a covid-19 será alargada a voluntários idosos, portadores de co-morbilidades e gestantes.