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Vila Real de Santo António cria apoios para fixar profissionais de saúde

LUSA
09-07-2025 17:29h

A Câmara de Vila Real de Santo António aprovou um conjunto de apoios para incentivar a fixação de profissionais de saúde no concelho, onde o custo da habitação está a dificultar o preenchimento de vagas, disse hoje o presidente.

Álvaro Araújo (PS) apelou também ao Governo para que disponibilize uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) para o sotavento (este) algarvio, para juntar às três que estão colocadas no Algarve, mais nomeadamente em Portimão, Albufeira e Faro.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara disse que o Regulamento Municipal de Apoio à Fixação de Médicos e Outros Profissionais de Saúde foi publicado em Diário da República em 30 de junho e cria “incentivos financeiros e logísticos” para ajudar à fixação de profissionais e reduzir o número pessoas sem médico de família.

“A dificuldade em atrair e fixar médicos de família, enfermeiros e outros técnicos da área da saúde, aliada ao envelhecimento do quadro clínico e aos constrangimentos nas escalas de urgência, tem comprometido a capacidade de resposta das unidades de saúde locais”, argumentou o município.

Os profissionais que optem pelos apoios devem exercer funções nas unidades de saúde do concelho, integradas na Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, e a medida visa garantir “a qualidade dos cuidados de saúde primários” e do Serviço de Urgência Básica (SUB)” local.

Entre os benefícios aprovados estão subsídios ao alojamento, de deslocação ou a redução de tarifas e taxas.

“Não podemos admitir que o nosso território tenha falta de médicos de família. E aquilo que nós fizemos foi, de alguma forma, arranjar motivos para que os médicos se queiram fixar aqui, os médicos e os profissionais de saúde, porque o regulamento é para apoiar não só médicos, mas também os restantes profissionais de saúde, que vivem num raio de 50 quilómetros do nosso concelho”, afirmou Álvaro Araújo.

O autarca, que se recusa a aceitar que haja munícipes sem acesso a médico de família, defendeu que todos os cidadãos devem ter “o mesmo acesso aos cuidados de saúde” e salientou que é cada vez mais difícil os profissionais fixarem-se no concelho e no Algarve.

“Por isso, a única forma que tivemos foi a criação deste regulamento”, justificou, apontando o elevado custo com a habitação como um dos principais fatores que dificultam a fixação de profissionais nos municípios do Algarve e do Baixo Guadiana, como Alcoutim ou Castro Marim, que também têm em vigor incentivos deste tipo.

Álvaro Araújo afirmou que existe no Algarve e em Vila Real de Santo António uma “grande carência de habitação a custos normais”.

“As casas têm “preços a que a classe média não chega, nem mesmo os profissionais de saúde”, e as rendas estão com “valores quase à volta dos mil euros e superior a isso”, disse.

Para o autarca, “esse é o grande problema de quaisquer profissões, dos nossos jovens, da nossa população em geral”.

Por isso, admitiu a possibilidade de, no futuro, estes apoios serem estendidos a professores ou a elementos das forças de segurança.

“Como o Estado Central não cria soluções, têm de ser, como sempre, os municípios a criar essas soluções”, ressalvou.

Sobre a colocação de uma VMER no sotavento do Algarve, Álvaro Araújo disse que “não pode haver portugueses de primeira e de segunda” e que a população dessa zona tem direito a um meio de socorro que “salva vidas” e vai cobrir “um território entre Tavira, Castro Marim, Alcoutim e Vila Real [de Santo António], de 1.500 quilómetros quadrados”.

“A VMER que está mais próxima está em Faro. Se houver um problema em Alcoutim, se houver um problema em Vila Real de Santo António e for precisa uma viatura destas, quando chegar [o socorro], a pessoa dificilmente sobrevive”, afirmou.

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