Tiago Correia, professor de Saúde Internacional no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa considera um “erro de gestão política” o endurecimento das medidas para travar a progressão da pandemia da COVID-19, anunciado esta quarta-feira pelo Primeiro-Ministro.
Após a reunião do Conselho de Ministros, António Costa, decretou o uso de máscara obrigatória na via pública e enviou para a Assembleia da República uma proposta de obrigatoriedade de uso da aplicação Stay Away Covid.
Para o professor de Saúde Internacional seria importante o executivo ter em linha de conta outras pandemias e a situação que se vive nos restantes países europeus, onde o endurecimento das medidas está a gerar fenómenos de rejeição, dado o cansaço que muitos cidadãos já sentem, apesar da pandemia só ter começado na Europa há sete meses.
Para Tiago Correia a estratégia de “endurecimento das medidas” não vai produzir o efeito desejado e isso só vai descredibilizar ainda mais as autoridades de saúde e levar o “Primeiro-Ministro a perder capital político na gestão da pandemia”.
Com o aumento crescente do número de infeções por COVID-19 no nosso país, o especialista de Saúde Internacional, Tiago Correia, sublinha ainda que o “contágio pode fugir ao controlo muito rapidamente” e lembra que Portugal continua a gerir muito mal as fronteiras que continuam abertas sem restrições.
O último boletim da Direção Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje dá conta de mais 21 mortos em Portugal, 2608 novos casos de infeção por SARS-COV-2 e mais 5 doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos.