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Oito em cada 10 adultos admitidos em 2018 cuidados paliativos tinham cancro

LUSA
15-01-2020 18:31h

Oito em cada 10 doentes adultos admitidos em cuidados paliativos em 2018 tinham cancro, valores que se invertem nas crianças e jovens já que quase 90% têm uma doença não oncológica, segundo um estudo divulgado hoje.

“Contrariamente ao preconizado e até aos dados internacionais, em que a maioria dos doentes com necessidades paliativas tem como base uma doença não oncológica”, os dados deste estudo mostram que em Portugal 80,7% dos doentes adultos admitidos a estes cuidados têm como base uma doença oncológica”, refere o Relatório de Outono de 2019 do Observatório Português de Cuidados Paliativos (OPCP).

Já 89,4% dos doentes em idade pediátrica não tinham como base uma doença oncológica, indica o relatório, segundo o qual cerca de 102 mil doentes adultos e cerca de 8 mil crianças e jovens, necessitaram de cuidados paliativos em 2018.

Contudo, apenas acederam a estes cuidados 25.570 doentes adultos e 90 em idade pediátrica, o que demonstra uma taxa de acessibilidade de cerca 25% dos adultos e 0.01% nas crianças e jovens.

Relativamente aos doentes adultos, o documento precisa que 10.101 tinham cancro (80,7%), 2.104 (16,8%) tinham uma doença não oncológica e 314 (2.5%) tinham “doença mista”.

A maior parte dos doentes como cancro observa-se em Faro (97,8%) e a menor em Braga (46,5%). Em relação aos doentes com doença não-oncológica, a maioria verifica-se em Braga (53,5%) e a minoria em Faro (1,9%).

Já a maior proporção de doentes admitidos com doença mista observa-se em Santarém (16%), sendo que alguns distritos não têm nenhum doente com estas características.

Quanto aos doentes em idade pediátrica admitidos em 2018, 76 não tinham cancro, sete (8,2%) tinham doença oncológica e dois (2,4%) doença mista.

A maior proporção de doentes nestas idades com doença oncológica observa-se em Lisboa (33,3%) e a menor em Coimbra (4,5%). Em relação aos doentes com doença não-oncológica, a maior proporção regista-se em Braga e Guarda (100%) e a menor em Lisboa (66,7%).

O relatório observa “a baixa proporção de doentes transferidos para serviços de tipologia de agudos com nenhum a ser transferido para unidade de cuidados intensivos”.

“Tal revela bem, que apesar da escassez de recursos humanos, os profissionais de cuidados paliativos, conseguem, em alguma medida, atingir alguns importantes resultados da sua prática”, sublinha.

O OPCC conclui que “a cobertura universal efetiva de cuidados paliativos” em Portugal “está longe de estar alcançada assim como revela profundas assimetrias a nível distrital/regional e de tipologias”.

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