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Covid-19: “O vírus chega a todo o lado por formas diferentes”, conclui investigação da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)

CANAL S+ / VD
13-10-2020 14:47h

De Maio a Agosto de 2020, investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), liderados pelo professor Paulo Sousa, conduziram um estudo, denominado: COMPRIME (COnhecer Mais PaRa Intervir Melhor), que incidiu sobre as dinâmicas de propagação do SARS-COV-2, tendo em conta os perfis demográficos, socioeconómicos e territoriais, à escala do concelho.

As conclusões da investigação foram agora apresentadas e estão disponíveis num site com “dashboards”, o que permite uma constante actualização à medida que novos dados se tornam disponíveis.

Em entrevista ao Canal S+, o coordenador do Centro de Investigação da ENSP garante que o novo coronavírus “chega a todo o lado por formas diferentes”. Segundo Paulo Sousa “seja aos lares onde se encontram pessoas idosas com co-morbilidades e por isso mais fragilizadas, às pessoas de rendimentos mais baixos, que se vêm forçadas a deslocarem-se todos os dias para o trabalho em transportes públicos ou às classes mais privilegiadas que organizam festas à porta fechada, correndo riscos de contaminação”.

O projecto COMPRIME e COMPRI_MOV foram financiados pela FCT RESEARCH 4 COVID-19 e contou com a participação do ACES de Lisboa Central, do Oeste Sul e a Câmara Municipal de Torres Vedras com o objectivo de “reconhecer os factores determinantes na propagação e deste modo ajudar a classe política a tomar decisões mais focalizadas”, como nos explica o professor Paulo Sousa da Escola Nacional de Saúde Pública.

Das conclusões do projeto COMPRIME e COMPRI_MOV, este último coordenado pelo professor Nuno Marques da Costa, com o intuito de avaliar o risco de propagação associado à mobilidade, torna-se evidente que “é preciso tratar de forma diferenciada, aquilo que é diferente”, como sublinha o professor Paulo Sousa. Ou seja, se a realidade epidemiológica de Vila Nova de Gaia é diferente da que se vive em Castelo Branco, um novo confinamento “não deve ser aplicado ao país inteiro, mas sim às áreas com maior número de surtos”, sublinha o especialista.

Para o professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) de todas as variáveis, a do envelhecimento foi sem dúvida uma das que evidenciou maior impacto. Para o professor Paulo Sousa os “transportes públicos” pelas suas características como espaços fechados e de grande concentração de pessoas são locais de maior risco, onde devem ser implementadas medidas mais fortes para prevenir e evitar novos contágios.

O projecto COMPRIME e COMPRI_MOV foram desenvolvidos por um consórcio que reúne em parceria para além da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), o Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, a Faculdade de Farmácia e a de Medicina da Universidade de Lisboa, ACES-Lisboa Central, Área Metropolitana de Lisboa e do Porto e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Os resultados já se encontram online e podem ser consultados no site: https://www.comprime-compri-mov.com/index.html

 

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