A Câmara de Torres Vedras vai propor, na quarta-feira, ao Ministério da Saúde, um acordo que permita manter a urgência pediátrica a funcionar com todos os médicos necessários, anunciou hoje o presidente em conferência de imprensa.
Carlos Bernardes (PS) quer que a ministra garanta a entrada no quadro de quatro pediatras, assim como a concessão de incentivos que permitam atrair estes profissionais para a unidade de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), no distrito de Lisboa.
O autarca quer também um compromisso da tutela no sentido de voltar a haver internamento pediátrico na cidade, para ajudar a atrair médicos.
O acordo passa também por garantir o lançamento do concurso público para obras de requalificação na urgência geral até ao final deste mês, a reabertura da farmácia para a preparação dos citotóxicos para os tratamentos de quimioterapia e a criação de uma unidade de cuidados intensivos.
“A câmara está disponível para fazer parte das várias soluções”, afirmou o autarca, mostrando preocupação pela “forma precária” como a urgência pediátrica está a funcionar. E rematando que “não pode haver o seu encerramento”.
Autarquia e administração do CHO reúnem-se na quarta-feira com o Ministério da Saúde na procura das soluções para o problema.
A pedido do CDS-PP, foi agendada uma assembleia municipal extraordinária sobre o assunto para o dia 15.
No sábado, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, questionada se o reencaminhamento de doentes para as Caldas da Rainha é para resolver ou é definitivo, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que o assunto está a ser “trabalhado entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a administração do CHO”, admitindo que “a resposta estará sempre dependente do número de pediatras”.
“A afluência que regista a unidade de Torres Vedras leva-nos a refletir sobre a solução mais definitiva”, acrescentou.
Em declarações à Lusa, a presidente do conselho de administração do CHO, Elsa Banza, disse que a urgência pediátrica volta a funcionar sem pediatra entre as 21:00 de hoje e as 09:00 de quarta-feira, problemas que deverão repetir-se durante este mês.
Os doentes que necessitaram desta especialidade são transferidos para as Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.
Os constrangimentos já tinham acontecido no dia 31 de dezembro e entre as 21:00 de quinta-feira e as 09:00 de sábado.
A administradora afirmou que os casos que foram reencaminhados já o seriam mesmo com a urgência a funcionar em pleno, uma vez que obrigavam a internamento.
Cada escala é preenchida por dois médicos de clínica geral e um pediatra.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche e serve cerca de 300 mil habitantes daqueles três concelhos, assim como de Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã e parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro).