PSD, Bloco de Esquerda e PCP de Torres Vedras estão preocupados com os problemas de funcionamento na urgência pediátrica do hospital, devido à falta de especialistas, e manifestaram-se contra um eventual encerramento definitivo.
Em conferência de imprensa realizada hoje, o vereador social-democrata Marco Claudino afirmou que a atual situação “é insustentável” a curto e médio prazo e pediu a demissão da ministra da Saúde, Marta Temido, se não for encontrada "uma solução definitiva” para a falta de pediatras na urgência, o que pode conduzir ao seu encerramento.
Aos sociais-democratas, a administração do Centro Hospital do Oeste, a que pertence Torres Vedras, adiantou que a tutela recusou a abertura de quatro vagas no quadro, bem como incentivos para pediatras.
Estas medidas e o regresso do internamento pediátrico a Torres Vedras vão ser hoje propostos na reunião de câmara, para o município defender junto da tutela, na reunião marcada para quarta-feira.
Às preocupações juntou-se a distrital do PSD/Oeste em comunicado.
Já o Bloco de Esquerda local criticou, em comunicado, o PS por “aprender com o PSD e CDS-PP” e apresentar como “solução para os serviços que apresentam problemas, não os corrigir, mas encerrá-los”.
Os bloquistas manifestaram o seu “desagrado” com declarações recentes da ministra da Saúde, ao prever como resposta o reencaminhamento de crianças para o hospital de Caldas da Rainha, lembrando que as duas cidades distam 50 quilómetros.
Também em comunicado, o PCP local lembrou que o atual problema decorre de “dezenas de anos de desinvestimento” no Serviço Nacional de Saúde em Torres Vedras, que continua a ser “atacado”, e de “incentivos às empresas prestadoras de cuidados de saúde”.
Para os comunistas, “é urgente um reforço dos quadros do hospital que impeçam a repetição de situações de encerramento provisório ou de funcionamento sem os profissionais adequados ao atendimento”.
Defenderam também que “é imperativo contrariar qualquer propósito de mitigação de danos e adaptação conformista às insuficiências existentes”.
No sábado, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, questionada se o reencaminhamento de doentes para as Caldas da Rainha é para resolver ou é definitivo, a ministra da Saúde disse que o assunto está a ser “trabalhado entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a administração do CHO”, admitindo que “a resposta estará sempre dependente do número de pediatras”.
“A afluência que regista a unidade de Torres Vedras leva-nos a refletir sobre a solução mais definitiva”, acrescentou.
A urgência pediátrica de Torres Vedras do CHO esteve desde as 21:00 de quinta-feira e até às 09:00 de sábado a funcionar sem pediatras na escala, sendo que os doentes que necessitaram desta especialidade foram transferidos para as Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.
Cada escala é preenchida por dois médicos de clínica geral e um pediatra.
Na sexta-feira, a administradora já tinha admitido a existência de constrangimentos no dia 31 de dezembro, que deverão voltar a repetir-se esta semana.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche e serve cerca de 300 mil habitantes daqueles três concelhos, assim como de Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã e parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro).