O PSD de Évora defendeu hoje que as autoridades competentes devem apurar, “sem compadrios ou conluios partidários, a verdade dos factos” do surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz, porque é preciso “respeitar" os 18 mortos.
A comissão política distrital de Évora do PSD, em comunicado, intitulado “Respeitar os mortos. Apurar os factos”, exortou ao apuramento de “toda a verdade dos factos”.
“A memória dos que partiram e o sofrimento dos que ficaram, impõem que as autoridades competentes, sem compadrios ou conluios partidários, apurem a verdade dos factos”, defendeu a estrutura social-democrata.
No comunicado, divulgado hoje e enviado à agência Lusa, o PSD de Évora disse que “lamenta profundamente a tragédia vivida pela população de Reguengos de Monsaraz", no distrito de Évora, que resultou em 18 mortos.
O surto de covid-19, detetado a 18 de junho, provocou 162 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.
A maior parte dos casos de infeção aconteceu no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), mais concretamente 80 utentes e 26 profissionais, mas também 56 pessoas da comunidade foram atingidas, tendo morrido 18 pessoas (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).
A distrital de Évora do PSD “apontou baterias” ao PS, repudiando que este partido “procure retirar dividendos partidários dessa tragédia, apoucando descaradamente o sofrimento de toda uma comunidade, atingida por uma tragédia que tolheu 18 dos seus mais fragilizados elementos”.
“Temos assistido a uma permanente campanha mediática, em que absolutamente ninguém assume qualquer responsabilidade ou qualquer falha na gestão da crise no lar de Reguengos”, criticou.
O PSD alegou que está, “aliás, em curso uma campanha de condicionamento e intimidação de familiares e amigos das vítimas desta tragédia, bem como de funcionários da fundação responsável pelo lar, com o objetivo de condicionar o apuramento da verdade”.
Na quinta-feira passada, a Federação de Évora do PS repudiou “o aproveitamento político injusto e desonesto levado a cabo por forças partidárias” em relação ao surto de Reguengos de Monsaraz.
Os socialistas criticaram diretamente o PSD, partido que “chegou ao cúmulo de falar em teia partidária, insinuando ligações partidárias” entre a autarquia de Reguengos de Monsaraz, presidida por José Calixto (PS), e o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, “nomeado pelo Governo de Passos Coelho” e que “exerceu essas funções durante toda a governação PSD-CDS”.
O PS reagia a um comunicado do PSD, de dia 16, que denunciou uma “teia de relações partidárias” entre a ARS e segurança social no Alentejo e exigiu o apuramento de responsabilidades pela morte de 18 doentes com covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
A distrital de Évora do PSD, no comunicado de hoje, acusou a Federação de Évora do PS de, “nos últimos dias”, ter atacado “de forma soez e direta profissionais de saúde e responsáveis das suas associações profissionais”.
“A Federação de Évora do PS, habituada à gestão familiar e clientelar da Administração Pública Regional, aponta com estranheza que um ministro independente de um governo PSD/CDS, tenha nomeado um socialista” para presidente da ARS, mas o PS “fala a verdade: a saúde no Alentejo é gerida familiarmente, pela família socialista, há bem mais de uma década”, acusou o PSD.
A Procuradoria-Geral da República instaurou um inquérito sobre o surto de covid-19 no lar da FMIVPS e que está a analisar o relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos acerca da instituição de apoio aos idosos, conhecido a 06 de agosto e que aponta para o incumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde.
Portugal contabiliza pelo menos 1.801 mortos associados à covid-19 em 55.720 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).