Ontem, investigadores britânicos divulgaram os resultados de um estudo que esteve a ser devolvido nos últimos meses no país, com fármacos já existentes no mercado, para avaliarem a sua eficácia contra a COVID-19. A Dexametasona revelou alguma eficácia junto de um terço dos doentes infetados que se encontrem em estado mais grave, já com recurso a ventilação.

Hélder Mota Filipe destaca que o fármaco se aplica apenas a uma fração dos doentes num determinado quadro clínico.

O também membro da Comissão de Avaliação de Medicamentos do INFARMED destaca a importância de se tratar de um ensaio clínico sólido que produz de facto evidência científica.

É um ensaio “com robustez”, afirma o professor Hélder Mota Filipe que confia nos dados mas adverte que não se trata da “resolução de todos os problemas” perante a pandemia da COVID-19.

Membro da Comissão de Ética para a Investigação Clínica, o professor Hélder Mota Filipe confessa que é sempre “saudavelmente cético”, até ser produzida evidência científica sobre um determinado fármaco.

O especialista lembra que só agora, após 6 meses do início da pandemia de COVID-19, começam a surgir os primeiros resultados de verdadeiros ensaios clínicos, o que permite aos médicos deixarem de tratar os doentes “às cegas, por tentativas”.

Evitam-se assim, garante o professor de Farmacologia, mal-entendidos como o que surgiu em relação à hidroxicloroquina como sucedeu no Brasil e nos Estados Unidos.  “Sabemos hoje que a hidroxicloroquina não produz os resultados anunciados”, atesta.

A Dexametasona é um anti-inflamatório e imunossupressor até aqui indicado para o tratamento de alergias e inflamações e para o tratamento de sintomas de vários tipos de doenças, como problemas reumáticos e artríticos, de pele, nos olhos, glandulares, pulmonares, sanguíneos e gastrintestinais, em adultos e crianças.