O município de Santa Maria da Feira reafetou 50.000 euros de atividades canceladas devido à pandemia de covid-19 para apoiar criações locais que privilegiem a sustentabilidade ambiental e a transição para o meio digital, revelou hoje a autarquia.
O programa em causa chama-se Cultur#ACT, resulta de uma auscultação aos agentes do setor e, funcionando como uma bolsa de programação, abre hoje o respetivo prazo de candidaturas, que decorre até ao dia 30 de junho e se dirige a artistas independentes e empresas de cultura e animação do concelho.
Segundo Gil Ferreira, vereador que tutela a iniciativa, o objetivo é "manter a produção cultural local ativa e fomentar a transição verde e digital", apostando em projetos ambientalmente sustentáveis e desafiando a comunidade a produzir "conteúdos para ‘streaming' [pela internet], cinema documental, marketing digital, jogos e ‘apps' [aplicações telefónicas e informáticas] que possam potenciar, através do capital criativo dos artistas, o ‘slow tourism' e o comércio local".
Na prática, entre as candidaturas válidas serão selecionados 35 projetos que em julho, agosto e setembro permitirão recuperar a dinâmica cultural local "nas suas diversas manifestações" e em "espaços públicos de todo o concelho, dando vida e esperança aos artistas, às populações e à economia local".
Gil Ferreira realça que essa programação deve ser "direcionada para os espaços do património cultural ou natural do concelho" e o presidente da Câmara, Emídio Sousa, acrescenta a intenção de garantir a esses projetos uma distribuição "desconcentrada e descentralizada no espaço e no tempo".
O autarca espera que isso possa constituir um incentivo para a comunidade artística da Feira, que envolve mais de 300 artistas e empresas de âmbito cultural: "É uma medida para fazer face à paragem total e abrupta dos artistas locais que pugnam por trabalho e que não têm outra fonte de rendimento".
Quanto aos 50.000 euros canalizados para o efeito, provêm "de rubricas de programação já previstas no orçamento municipal para a cultura, mas que, devido ao contexto atual, não foram executadas e, por isso, não representam um aumento na despesa do município e antes uma opção de gestão".
O júri que irá avaliar as candidaturas será composto por "técnicos do município com funções na gestão da programação nos principais equipamentos e projetos culturais" da autarquia e valorizará propostas para o espaço público, nomeadamente "praças, esplanadas, jardins, parques, feiras e mercados, monumentos, equipamentos e serviços culturais do território, museus da Rede Portuguesa, outros espaços museológicos e ainda equipamentos de âmbito social e ativos turísticos existentes no território".
A Câmara procura também projetos "que promovam a inovação digital para difundir o património cultural e natural do concelho através da internet" e que estimulem um cruzamento entre atividades culturais e económicas, facilitando o acesso a esses conteúdos por parte de todos os públicos com recurso à Língua Gestual Portuguesa e à áudio-descrição.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 436 mil mortos, incluindo 1.522 em Portugal.