Em entrevista ao S+, Miguel Gonçalves, Fisioterapeuta Respiratório no CHUSJ e professor na FMUP, realça que o cenário traçado nos finais de fevereiro e inícios de março foi bastante mais catastrófico que o cenário que Portugal acabou por viver e que o Sistema Nacional de Saúde e os hospitais portugueses “foram exemplares a reagir a esta pandemia” e que foram “bem suportados por toda a sociedade”.
O investigador acredita que a população portuguesa percebeu o que estava a acontecer, olhando para os exemplos catastróficos que a Espanha e Itália estavam a viver mas realça, no entanto, que uma segunda vaga "é ainda uma incógnita" e que tudo depende de como o país se irá comportar. “Há quem diga que a própria carga viral seja menor nesta fase” mas “como nós nos protegemos bastante, a imunidade de grupo é menos provável”, adianta.
Para o fisioterapeuta, os meses de março e abril foram cruciais e permitiram aos clínicos aprender bastante, mas existem ainda muitas dúvidas sobre esta doença. “Vamos viver com o COVID-19 e com a disfunção respiratória aguda e grave durante muito tempo, e só tendo mais doentes e vendo que os protocolos estão a ser bem sucedidos é que vamos criar taxas de sobrevivência e taxas de menos complicações para os nossos doentes”.
Em Portugal, morreram 1.277 pessoas das 29.912 confirmadas como infetadas, e há 6.452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.