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Covid-19: Câmara de Matosinhos vai participar ao MP denúncias sobre Lar do Comércio

LUSA
15-05-2020 12:45h

A presidente Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, disse hoje que a atuação da direção do Lar do Comércio foi negligente, adiantando que vai participar ao Ministério Público as situações que chegaram ao conhecimento da autarquia.

"Naturalmente que as situações que chegaram ao nosso conhecimento sobre casos no lar do Comercio são participadas ao Ministério Público. Tal como a câmara já fez em situações em que havia relatos muito menores, nós participaremos e depois o Ministério Público fará o desenrolar do processo conforme melhor entender", afirmou à margem da cerimónia de inauguração do túnel de ligação da Avenida Calouste Gulbenkian à Autoestrada 28 (A28), em Matosinhos.

Questionada pelos jornalistas sobre se considera negligente a atuação do Lar do Comércio, a autarca referiu, que apesar de não ter visitado a instituição, "pelos relatos" que recebeu, pode falar-se em negligência.

Luísa Salgueiro salientou, contudo, que neste momento o que está em causa é a saúde dos utentes da instituição, que desde quinta-feira estão a ser transferidos para outros locais, escusando comentar se a gestão daquele lar de idosos deveria continuar a ser assegurada pela atual direção.

"Não é à Câmara Municipal de Matosinhos que compete tirar essas conclusões. Será a Segurança social, entidade que tutela, ou às entidades judiciais. A única coisa que eu posso dizer é que o Lar do Comércio é uma instituição de referência no concelho de Matosinhos - tenho muito respeito pelas pessoas do Lar do Comércio, pelos utentes e pelas suas famílias - e que, neste momento, temos de ter serenidade, porque o que está em causa, em primeiro lugar, é acautelar a saúde dos utentes", disse.

Depois, acrescentou a socialista, poderá ser equacionada uma solução de substituição da gestão da instituição.

A operação de transferência de 59 utentes do Lar do Comércio em Matosinhos começou na quinta-feira. Aos jornalistas Luísa Salgueiro explicou que perante o pedido de dezenas de auxiliares por parte do lar e de relatos de debilidade dos utentes, a câmara entendeu avançar para esta solução "mais drástica", tendo decido retirar da instituição todos os utentes dependentes negativos ou positivos.

Sem condições para o fazer apenas no concelho de Matosinhos, a autarquia acionou a Proteção Civil Distrital, tendo sido os 48 utentes negativos transferidos na quinta-feira para o Centro de Neuroestimulação da Cruz Vermelha em Gaia e para o Hospital Militar no Porto, referiu.

"Hoje os utentes positivos [11], estão a ser todos deslocados para o Centro de Apoio Comunitário de Matosinhos e à tarde o Exército entrará no Lar do Comércio para fazer a limpeza e a desinfeção das instalações. Durante esta operação de limpeza os utentes do Lar do Comércio que não estão infetados e que são autónomos estarão na zona de creche, só enquanto o exército procede à operação de limpeza", assegurou, acrescentando que terminada esta operação estes utentes regressarão aos pisos respetivos.

Segundo a autarca, o acompanhamento da situação continuará a ser feito pela equipa de Saúde Pública de Matosinhos e, à medida que os restantes utentes forem "tendo alta e estiverem em condições de regressar ao lar, regressarão".

"É uma atitude mais musculada que tivemos de tomar para definitivamente se resolver aquilo que está a acontecer", ressalvou.

Luísa Salgueiro reiterou ainda que, como responsável máxima pela Proteção Civil Municipal, está focada "em retirar os utentes e dar-lhes boas condições", mas salientou que a também a câmara não fugirá às suas responsabilidades pelo que, depois de garantida a segurança destes utentes, se pronunciará sobre a atuação da direção do Lar do Comércio.

A operação de mobilização iniciada na quinta-feira teve por base os números disponibilizados pela Unidade Local de Saúde de Matosinhos (11 positivos para covid-19). Contudo, estes números diferem dos apresentados pelo Lar do Comércio que indicava nove casos positivos na instituição e mais um positivo que, entretanto, havia sido hospitalizado.

À data, segundo o lar, foram contabilizadas naquela instituição 21 mortes por covid-19, 19 utentes hospitalizados, 146 negativos e três com testes inconclusivos.

Portugal regista hoje 1.190 mortes relacionadas com a covid-19, mais seis do que na quinta-feira, e 28.583 infetados, mais 264, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.

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