A ministra da Saúde justificou hoje o crescimento da despesa com medicamentos em 2018 na ordem dos 109 milhões de euros sobretudo com os fármacos da área da oncologia, artrite reumatoide e hemato-oncologia.
"Esse aumento da despesa deve-se sobretudo a medicamentos da área da oncologia, mas não só", considerou Marta Temido, lembrando igualmente a despesa em medicamentos para a artrite reumatoide e da área da hemato-oncologia.
"Deve-se também a novas terapêuticas, a novos doentes e é um sinal expectável dentro do que é a evolução da despesa de saúde em termos das grandes tendências da evolução da despesa de saúde em geral nos sistemas de saúde dos nossos dias", afirmou.
A ministra, que falava no final de uma cerimónia sobre os 40 anos do SNS no Palácio da Ajuda, em Lisboa, disse ainda que "a evolução tecnológica é um dos principais responsáveis pelo crescimento das despesas em saúde" e que os números das despesas com medicamentos revelados num relatório do Infarmed "refletem exatamente essa tendência".
"O Infarmed mostra também que outras áreas, como os medicamentos para doenças como a diabetes, também têm algum peso neste aumento da despesa", lembrou a governante.
Numa nota enviada às redações a propósito do relatório da Estatística do Medicamento e Produtos de Saúde 2018, o Infarmed corrobora esta posição, lembrando que o aumento decorreu essencialmente do crescimento da despesa com medicamentos oncológicos (58 milhões de euros - mais de 50% do valor total), lembrando que esta "tem sido a área onde se tem observado um crescendo na inovação terapêutica".
"Este aumento no acesso à inovação traduz-se em melhores resultados em saúde, com mais doentes em tratamento, com o alargamento das opções terapêuticas disponíveis e também uma utilização mais prolongada destes medicamentos", afirma o Infarmed, sublinhando que, "para além da oncologia, a área das doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla, e a área hematológica também tiveram uma contribuição para o aumento da despesa".
A Autoridade do Medicamento lembra ainda que o acesso a novos medicamentos no Serviço Nacional de Saúde "aumentou de modo significativo", com mais de 150 novos medicamentos introduzidos entre 2016 e 2018 e destaca a "introdução no arsenal terapêutico português de 65 novos medicamentos já em 2019".
"Na área da dispensa de medicamentos em ambulatório, o aumento esteve em linha com o crescimento da utilização dos medicamentos em geral, bem como dos medicamentos inovadores, decorrendo essencialmente de terapêuticas para a diabetes (25M€), doenças cardiovasculares e respiratórias", explica.
O Infarmed destaca ainda o "importante contributo para atenuar o crescimento da despesa com medicamentos", com a introdução de genéricos na área do VIH/SIDA, que permitiu uma poupança de 16 milhões de euros, e medicamentos biossimilares para o tratamento de doenças autoimunes.