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Covid-19: Área Metropolitana do Porto alerta que sucesso de desconfinamento depende de cidadãos

LUSA
30-04-2020 20:30h

O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, disse que as medidas de desconfinamento anunciadas hoje pelo Governo são "equilibradas", mas o seu sucesso vai depender da responsabilidade individual dos cidadãos.

"Acho que o Governo fez um grande trabalho. As medidas são muito acertadas, mas tudo correrá bem ou mal, dependendo do comportamento de cada um", afirmou em declarações à Lusa.

Eduardo Vítor Rodrigues considera que o plano apresentado esta tarde pelo primeiro-ministro, António Costa, contém medidas "suficientemente equilibradas" para que os próximos meses sejam vividos com a tranquilidade possível, mas reconhece que em áreas como os transportes público será necessário uma "grande dose de responsabilidade" para evitar atropelos.

Com a retoma do pequeno e médio comércio e o aumento da procura dos transportes públicos, o socialista e presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia teme que se possam gerar situações difíceis de controlar em face da redução para dois terços do número de utentes por veículo.

"Não é difícil perspetivar que um cidadão que está cheio de pressa na paragem e veja o autocarro a passar e veja lugares vagos não queira entrar", disse, salientando que esta é uma questão que o preocupa.

O autarca adiantou, contudo, que, para minimizar a pressão a que os transportes públicos vão estar sujeitos, o Governo está a negociar com os agrupamentos de escolas um horário desfasado da hora de ponta para os alunos do 10.º, 11.º e 12.º anos.

"Acho que o Governo optou por um grande voto de confiança na responsabilidade individual e coletiva. Agora, vai depender de cada um", afirmou, acrescentando que a retoma da atividade era inevitável, ainda que se pudesse discutir se neste momento se justificaria o uso da máscara nos termos em que está a ser proposto.

"Vai ser preciso não sei se é paciência, se é sentido de equilíbrio, de responsabilidade para que isto passe, porque de outra forma, é evidente para todos, o que é nos espera é termos daqui um mês ou dois um problema mais sério", sublinhou.

Eduardo Vítor Rodrigues mostrou-se ainda preocupado com o início da época balnear.

"Hoje de manhã eu tive uma reunião com a Agência Portuguesa do Ambiente e com as Comunidades Intermunicipais e não vou esconder que as pessoas estão preocupadas. (...) Como é que se vai fazer na praia, vai-se meter um portão, uma grade, arame farpado. Vai ser muito complicado e não há recursos nem na Polícia Marítima, nem nas estruturas municipais", disse.

O Conselho de Ministros aprovou hoje o plano de transição de Portugal do estado de emergência, que cessa no sábado, para o estado de calamidade e que prevê a reabertura da atividade económica e social.

Entre outras medidas, o Plano de Desconfinamento do Governo, prevê que o comércio local, cabeleireiros, manicures e similares, livrarias e comércio automóvel retomam atividade na segunda-feira e os restaurantes e cafés em 18 de maio.

Na conferência de imprensa que sucedeu ao Conselho de Ministros, António Costa reiterou que o Governo definiu "um quadro de medidas que entram em vigor de 15 em 15 dias: 04 de maio, 18 de maio e 01 de junho".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 989 pessoas das 25.045 confirmadas como infetadas, e há 1.519 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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