SAÚDE QUE SE VÊ

Presidente do Uganda preocupado com a complacência em relação à Sida

LUSA
29-11-2019 13:09h

O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, mostrou-se preocupado com a complacência em relação à Sida, especialmente num país onde morrem cerca de 500 doentes por semana, durante a nova campanha do programa de combate à doença da ONU.

No vídeo que faz parte da nova campanha da UNAIDS, um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem como função criar soluções e ajudar nações no combate à Sida, o chefe de Estado ugandês, Yoweri Museveni, afirmou que as instituições têm-se focado muito no tratamento, esquecendo-se de falar com os jovens sobre a prevenção.

“A Sida não tem cura e a Sida ainda está aqui, mas algumas pessoas têm-se esquecido disso”, declarou o Presidente no vídeo promocional.

Na África Subsaariana, a região mais afetada do continente, menos pessoas têm morrido da doença devido ao acesso a tratamento, mas alguns ativistas e representantes de instituições que combatem a Sida afirmam que o sucesso do tratamento encorajou a complacência.

O chefe da agência de prevenção do HIV/Sida no Uganda, Daniel Byumakam, recentemente pediu aos líderes de uma igreja para organizar uma conferência para os jovens sobre a doença, mas esres recusaram, alegando que a “Sida é senso comum” nos dias de hoje.

“Muitos jovens acreditam que o HIV/Sida desapareceu”, afirmou Byumakam.

Havia mais de 37 milhões de pessoas com Sida no mundo em 2018 e um em cada 25 africanos estava infetado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Cerca de 79% das pessoas infetadas, entre os 10 e os 19 anos em 2017, eram raparigas no sul e leste de África, segundo a UNAIDS.

O programa de combate à Sida da ONU afirma que mais de 90% das mortes entre adolescentes relacionadas com a doença a nível global ocorreu na África Subsariana no mesmo ano.

“Há esta ideia de que há um tratamento e a parte psicológica do problema é quase esquecida”, afirmou o ativista ugandês Rubaramira Ruranga, infetado há 35 anos com o vírus, referindo-se ao medicamento tomado após a prática de sexo não-seguro e que ajuda na prevenção do HIV/Sida.

“A prevenção está a ser mal interpretada”, acrescentou.

A instituição de caridade britânica Avert, cujo objetivo é fornecer informação correta e confiável sobre o HIV/Sida e saúde sexual, estima que haverá mais jovens infetados nos próximos anos uma vez que se espera que a população duplique e atinja os 1,2 mil milhões.

Tanto no Uganda como no Quénia, dois países com as percentagens mais altas de pessoas infetadas, ativistas afirmam que o número de homens que fazem o teste é abaixo da média, há muitos jovens que iniciam a prática sexual cedo, têm um conhecimento inadequado sobre o HIV/Sida e saúde reprodutora e sofrem do que a UNAIDS se refere como um “um medo incapacitante de comprar preservativos”, entre os ugandeses.

As autoridades de saúde e ativistas ugandeses dizem que o medo associado ao HIV/Sida desapareceu, encorajando comportamentos sexuais arriscado.

Segundo estatísticas oficiais do uso do preservativo, apenas 9% dos homens entre os 30 e 44 anos usaram proteção quando praticaram sexo extraconjugal em 2018.

Com o programa de abstenção, fidelidade e uso do preservativo, a percentagem de pessoas infetadas baixou de 18% em 1992 para 10% em 2005, sendo que agora está abaixo dos 6%.

No entanto, no início do ano, as autoridades de saúde do Uganda publicaram um relatório que estimava que cerca de mil pessoas por semana são infetadas, 34% delas entre os 15 e os 24 anos.

Dos 1,4 milhões de ugandeses com Sida, 14% não sabe que está infetado, o que faz com que estas pessoas não recebam tratamento e que possam infetar outros.

MAIS NOTÍCIAS