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Urgências são "terra de ninguém" e erradamente a porta de entrada no SNS

LUSA
29-11-2019 09:57h

Os serviços de urgência são “terra de ninguém”, metade dos episódios que atendem não são verdadeiras urgências, mas continuam erradamente a ser a porta de entrada no SNS, segundo um diagnóstico feito por um grupo de trabalho nomeado pelo Governo.

O grupo de trabalho criado em janeiro pelo Ministério da Saúde para propor medidas que melhorassem os serviços de urgência hospitalares em Portugal sublinha que “há 20 anos” que este assunto é debatido: “é tempo de passar à ação”.

Um dos problemas identificados é a “alta prevalência de episódios de serviços de urgência inadequados”, o que afeta “negativamente os profissionais de saúde e reduz a qualidade do atendimento, com tempos de espera de diagnósticos ou tratamentos tardios”.

Há uma consistência identificada ao longo do tempo e o excesso de procura não se centra apenas no Inverno: apenas cerca de 50% dos episódios observados nos serviços de urgência hospitalares correspondem a doentes tidos como urgentes segundo a triagem de Manchester (por cores).

Portugal é, aliás, o país com maior número de episódios de serviço de urgência.

“Os serviços de urgência continuam a ser erradamente a porta de entrada no SNS. É necessário alterar esta cultura de ‘tudo e tudo na hora’”, refere o relatório do grupo de trabalho a que a agência Lusa teve acesso.

Para o grupo de peritos nomeado pelo Governo, um dos principais problemas das urgências hospitalares em Portugal é “serem uma terra de ninguém e o parente pobre dos serviços de ação médica hospitalares”.

O documento propõe assim algumas medidas para tentar melhorar as urgências, como a criação de equipas fixas e da especialidade em medicina de urgência ou emergência e também uma melhor educação da população para encaminhar os casos agudos mas não urgentes para outro tipo de serviços, como os centros de saúde ou até para consultas abertas nos serviços de urgência hospitalares, que teriam de ser criadas.

Fonte oficial do Ministério da Saúde disse à Lusa que o relatório foi analisado, tendo sido considerado que “contém orientações estratégicas relevantes”, pelo que o Ministério decidiu enviar o documento para apreciação a vários organismos, como à Direção-geral da Saúde, INEM, Administrações Regionais de Saúde e Administração Central do Sistema de Saúde.

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