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Covid-19: ONG considera "impraticável" pensar num confinamento obrigatório em Moçambique

LUSA
27-04-2020 21:53h

O Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), organização não-governamental moçambicana, considerou hoje "impraticável" pensar num confinamento obrigatório em Moçambique, no âmbito da prevenção da covid-19, devido às necessidades da população mais pobre.

“Sujeitar este grupo a um confinamento obrigatório pode ser uma medida impraticável”, anunciou o IMD num relatório de avaliação das medidas em vigor desde 01 de abril.

Em causa, a necessidade de muitos agregados familiares procurarem a cada dia formas de obter alimento, por exemplo, além de outras necessidades básicas.

A ONG pede que as autoridades “tirem lições do processo de gestão da propagação da covid-19, bem como da gestão do estado de emergência, de modo a que se criem condições para reforço das políticas de desenvolvimento no país, numa perspetiva de médio e longo prazos”.

Em Moçambique, há um total acumulado de 76 casos confirmados, sem registo de mortes.

Moçambique vive em estado de emergência durante todo o mês de abril, com espaços de diversão e lazer encerrados, proibição de todo o tipo de eventos e de aglomerações.

Durante o mesmo período, há limitação de lotação nos transportes coletivos, as escolas estão encerradas e a emissão de vistos para entrar no país está suspensa.

O estudo do IMD, que versa sobre vários setores, conclui que a média de cumprimento das medidas de prevenção é de 3,1 numa escala de um a cinco pontos - sendo que o setor de saúde apresenta a melhor pontuação (3,7).

O setor dos transportes públicos ainda enfrenta desafios para cumprir o distanciamento social, exemplifica.

O relatório baseou-se em inquéritos a 3.200 pessoas e cerca de 38% disseram ter a perceção de que só uma minoria respeita o distanciamento social recomendado.

O Instituto para a Democracia Multipartidária refere ainda que "foram verificados alguns excessos e uso desproporcional da força por membros da polícia, sendo que o mais grave resultou na morte de um cidadão na cidade de Beira”.

A polícia moçambicana anunciou na quarta-feira que deteve dois agentes suspeitos de espancar até à morte Abdul Razak, 44 anos, após desavenças com ambos no dia 19 acerca do cumprimento de recomendações do estado de emergência.

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