A Águas do Centro Litoral (AdCL) anunciou hoje a construção de uma nova estação de tratamento de águas residuais (ETAR) no concelho de Cantanhede, cujo investimento ronda os 10 milhões de euros.
“A AdCL vai dar início ao concurso de conceção e construção da ETAR nas Cochadas”, naquele município do distrito de Coimbra, segundo uma nota da empresa.
Este investimento “vai permitir resolver o problema de saneamento nos concelhos de Mira e Cantanhede”, acrescenta, informando que, para o efeito, a Secretaria de Estado do Ambiente autorizou, na semana passada, o “reforço do investimento do contrato de concessão”.
“A futura ETAR irá tratar todo o efluente proveniente do município de Cantanhede, enquanto que as águas residuais afluentes do município de Mira serão encaminhadas para a ETAR de Ílhavo”, no distrito de Aveiro, esclarece a Águas do Centro Litoral.
Está previsto que a nova estação “seja dotada de um tratamento terciário por lamas ativadas em regime de arejamento prolongado com remoção de nutrientes”, de acordo com a empresa.
“Este nível de tratamento é o adequado para as denominadas zonas sensíveis, de acordo com a diretiva das águas residuais urbanas”, transposta pelo decreto-lei 152/97, de 19 de junho.
A massa de água da Vala da Veia Real não está “classificada como zona sensível”, mas o local da descarga faz parte do Sítio de Importância Comunitária das Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas.
Tratando-se de uma “zona protegida designada para a proteção de habitats”, a AdCL optou “por um nível de tratamento mais rigoroso, para manutenção do bom estado e proteção do meio hídrico que serve de suporte à fauna e flora da região”, particularmente da lagoa de Mira.
“Este tipo de tratamento é mais exigente do que o habitualmente instalado nas tradicionais ETAR”, adianta.
A empresa tem no seu universo 65 estações de águas residuais, nove das quais com este tratamento terciário.
“Até à construção e entrada em funcionamento da nova ETAR, os municípios de Cantanhede e Mira, em conjunto com a AdCL, têm vindo a implementar várias medidas mitigadoras, que permitem minimizar os impactos de eventuais descargas no meio recetor, nomeadamente através do aumento de capacidade das estações elevatórias no intercetor Sul”, salienta.
As entidades envolvidas no empreendimento, até à conclusão deste, vão “continuar a desenvolver esforços conjuntos no sentido de minimizar eventuais impactes negativos para o ambiente e para as populações, designadamente reduzir ao máximo a descarga de excedentes”.
A AdCL pretende “reunir-se periodicamente com os diferentes corpos técnicos dos municípios, da Inova – Empresa de Desenvolvimento Económico Social de Cantanhede e da Agência Portuguesa do Ambiente, para dar nota dos progressos e da eficácia das medidas implementadas”, face à “parcial incapacidade do sistema de saneamento acomodar todos os caudais de águas residuais enquanto evoluir o concurso de projeto e construção” do equipamento.