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Socorristas na RDCongo transferidos após protestos contra missão da ONU

LUSA
26-11-2019 18:46h

Os socorristas que operavam no combate ao Ébola foram transferidos para o leste da cidade de Beni, República Democrática do Congo (RDCongo), depois de a missão das Nações Unidas ter sido atacada na segunda-feira.

“Cada dia em que os profissionais de saúde não têm acesso às áreas afetadas pelo ébola é uma tragédia que prolonga o pior segundo caso de surto da doença na história”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus na rede social Twitter.

Perto de 50 profissionais de saúde foram evacuados para a cidade de Goma pela OMS, enquanto 71 ficaram nas zonas afetadas pela doença, de acordo com o porta-voz Christian Lindmeier, que acrescentou que a violência não tem como alvo a OMS ou os socorristas do ébola.

Ainda que o número de casos tenha diminuído, havendo dias sem que nenhum caso tenha sido registado, qualquer conflito na região onde numerosos grupos rebeldes estão ativos, atrapalha os progressos feitos no combate ao ébola.

O presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, afirmou que tem esperanças que a doença seja exterminada “completamente até ao fim do ano”, mas são precisos 42 dias sem registos de novos casos de ébola para se poder concluir que o surto acabou.

Mais de 3.100 casos de ébola foram confirmados desde agosto de 2018 e 2.100 pessoas morreram.

A OMS declarou que o número menor de casos é encorajador, mas que os protestos recentes em Beni e nas áreas circundantes são “preocupantes”.

Desde que o exército congolês começou uma operação contra os rebeldes ugandeses, no principio do mês, as ADF mataram dezenas de pessoas em ataques sucessivos, o que motivou protestos entre os civis que não se sentem seguros e acusam a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) de inação.

Os corpos de quatro manifestantes foram encontrados juntos à base da MONUSCO após os protestos de segunda-feira, no qual balas reais foram usadas contra os manifestantes.

Um porta-voz do tribunal militar, Kumbu Ngoma, disse à agência Associated Press que seis soldados ficaram feridos.

Representantes da sociedade civil da cidade confirmaram o mesmo número de mortos e revelaram que 18 pessoas ficaram feridas, de entre efetivos das forças de segurança e civis.

Na segunda-feira, o Presidente convocou o Conselho de Segurança Nacional para abordar a situação e deu autorização para que o exército e a MONUSCO atuem conjuntamente para proteger a população de Beni.

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