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Covid-19: Emissário norte-americano pede "cessar fogo humanitário" no Afeganistão

LUSA
26-04-2020 17:15h

O emissário norte-americano encarregado das negociações entre os Estados Unidos e os talibãs pediu hoje aos insurgentes que estabelecessem “um cessar-fogo humanitário” no Afeganistão, de forma a facilitar a luta contra um “inimigo comum”: a covid-19.

“O bem-estar do povo afegão e do país depende do compromisso entre todas as partes em dedicar toda a sua energia na luta contra a pandemia da covid-19, o inimigo comum de todos”, escreveu Zalmay Khalizad numa série de publicações nas redes sociais.
O responsável diplomático acrescentou que o “Ramadão é uma oportunidade para os talibãs aceitarem o cessar-fogo humanitário, de forma a reduzir a violência e suspender as operações militares ofensivas” até ao fim da crise sanitária.
Até ao momento, 1.531 casos do novo coronavírus e 50 mortes foram registadas, oficialmente, no país. No entanto, como a capacidade de testes é extremamente limitada, muitos temem que os números reais sejam muito maiores.
A mensagem do emissário norte-americano foi seguida, algumas horas depois, por uma declaração dos talibãs, que recusaram qualquer pedido de cessar-fogo, sem mencionar diretamente Zalmay Khalizad.
Muitos outros atores, incluindo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e o governo afegão, pediram aos insurgentes para cessarem a violência.
Khalizad pediu também ao presidente afegão, Ashraf Gani, e ao rival, Abdullah Abdullah, para terminarem as suas discussões e concentrarem-se no combate ao vírus.
Abdullah, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de setembro de 2019, sobre as quais paira uma acusação de fraude, também se declarou presidente, mergulhando o país numa crise política.
“O Ramadão oferece aos líderes afegãos, presidente Ghani e Abdullah, a oportunidade de colocarem o interesse do país à frente do deles”, afirmou Khalizad.
Na sua declaração de hoje, os insurgentes acusaram a NATO de querer “intensificar e continuar a guerra”, já que a aliança continua a ajudar as forças de segurança afegãs, treinando-as e fornecendo-lhes apoio logístico e financeiro.
“Pedir um cessar-fogo e uma redução na violência quando o lado oposto não está a cumprir as suas próprias obrigações é ilógico e oportunista”, acusou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.
Os insurgentes intensificaram recentemente os ataques às forças afegãs, matando dezenas de soldados e polícias numa série de golpes na semana passada.
Segundo o acordo entre os norte-americanos e os talibãs, assinado em fevereiro, Washington prometeu a retirada total das forças estrangeiras do Afeganistão em 14 meses, desde que os insurgentes respeitem os compromissos de segurança e entrem em diálogo com Cabul.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Perto de 800 mil doentes foram considerados curados.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (53.934) e mais casos de infeção confirmados (quase 940 mil).

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