O deputado único do Chega, André Ventura, considerou hoje que o discurso do Presidente da República na sessão solene que assinalou o 46.º aniversário da Revolução dos Cravos acentuou a divergência já existente sobre o modelo de comemoração.
“O Presidente da República apresentou-se nesta Assembleia da República hoje com o intuito de criar convergência, mas acabou por criar uma enorme divergência entre os que defendiam este modelo e os que não defendiam este modelo, e isso é de lamentar”, defendeu.
André Ventura, que é também líder demissionário do Chega, falava aos jornalistas no final da cerimónia que decorreu na Assembleia da República, em Lisboa.
“Esta era uma polémica desnecessária que acabou por centrar o discurso do Presidente da República ao longo desta intervenção e, portanto, criou mais divisão do que convergência, e isso eu lamento”, acrescentou.
O deputado assinalou, porém, que a “polémica acabou no sentido em que a cerimónia terminou, foi feita nos moldes em que a maioria decidiu”, mas defendeu que “as democracias não vivem só ao sabor das maiorias e das decisões das maiorias”.
Ventura insistiu que a “cerimónia não deveria ter sido realizada nestes moldes” e não foi dado “um bom exemplo hoje aos portugueses”. Ainda assim, justificou que esteve presente por dever de “representar os eleitores” que o elegeram.
Na sua ótica, “havia bons e sólidos argumentos” contra a realização da sessão solene nos moldes em que decorreu, e a “manifestação espontânea de portugueses em diversas petições” a favor e contra mostrou que “havia uma grande divisão”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que "o 25 de abril é essencial e tinha de ser evocado", tal como vão ser o 10 de junho, o 05 de outubro e o 01 de Dezembro e defendeu que a sessão solene é "um bom e não um mau exemplo", e que seria "civicamente vergonhoso" o parlamento demitir-se agora de exercer todos os seus poderes.
Nas últimas semanas, cresceu a polémica à volta do modelo de comemorações do 25 de Abril, quer dentro do parlamento - CDS e Chega foram contra, PAN e Iniciativa Liberal defenderam outros formatos - e fora dele, com duas petições 'online', uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.
Devido à pandemia de covid-19, a sessão solene no parlamento contou com a presença quatro membros do Governo, cerca de duas dezenas de convidados, e de 46 deputados, e não um terço como estava previamente acordado.