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Regulador pede clarificação de critérios e reforço do acesso à Procriação Medicamente Assistida no SNS

Lusa
23-12-2025 10:51h

O regulador da Saúde recomendou hoje às autoridades a clarificação dos critérios de elegibilidade e o reforço dos mecanismos de acesso à procriação medicamente assistida no Serviço Nacional de Saúde, após um estudo revelar tempos de espera prolongados.

Um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), hoje divulgado, revelou que duas em cada três primeiras consultas no SNS para inseminação artificial intrauterina ultrapassaram no ano passado o tempo de espera previsto, que ainda assim baixou 26 dias em 2024, chegando a uma mediana de 142 dias.

Segundo o estudo, as consultas para técnicas de segunda linha, mais complexas e invasivas, como a fecundação in vitro e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides, apresentaram medianas de tempos de espera superiores, que poderão ser justificados pela maior complexidade associada a estas técnicas.

Perante os resultados do estudo, o regulador reitera a recomendação emitida à Direção Executiva do SNS e à Administração Central do Sistema de Saúde para “clarificarem os critérios de elegibilidade atualmente definidos para acesso a técnicas de PMA no SNS, garantindo uma maior uniformidade e equidade no acesso aos centros de PMA”.

A ERS defende também a criação de mecanismos que garantam a efetivação do direito de acesso dos utentes a técnicas de PMA, articulando-se com os respetivos prestadores de cuidados de saúde, de forma a permitir a referenciação de utentes para centros privados autorizados quando a resposta pública não está assegurada.

A entidade reguladora recomenda também à Administração Central do Sistema de Saúde e aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde a adoção de medidas adequadas para implementar “um sistema de informação específico para esta área de subespecialidade clínica, no sentido de assegurar a caracterização e gestão do acesso a consultas e tratamentos PMA no SNS”.

No documento, a ERS alerta que qualquer alargamento dos critérios de acesso à PMA só poderá ser equacionado após um aumento efetivo da capacidade de resposta instalada dos centros públicos, sob pena de agravamento dos tempos de espera e prejuízo para os utentes, dado o consequente aumento da idade da mulher que “implica a inevitável redução da probabilidade de sucesso dos tratamentos”.

Após garantir o aumento da capacidade de resposta dos centros de PMA do SNS já existentes, a ERS diz que se poderão considerar recomendações suplementares para alargamento do acesso à PMA.

Entre as recomendações suplementares a considerar no futuro, a ERS aponta a abertura de novos centros públicos de PMA em função das necessidades geográficas, o alargamento do número de ciclos de tratamento financiados pelo SNS e a possibilidade de estender o financiamento a tratamentos com vista a um segundo filho, como medida promotora da natalidade.

A entidade reguladora defende, contudo, a manutenção do limite etário atualmente definido para os tratamentos comparticipados pelo SNS.

Nos dados que hoje divulgou – publicados igualmente no jornal Público – a ERS salienta o facto de apenas ter sido possível aferir o tempo de espera para acesso às técnicas de PMA para uma amostra reduzida de utentes (23,7%), dadas as limitações ao nível dos sistemas informáticos em utilização nas unidades hospitalares.

A ERS aponta um aumento de 20,5% no número de primeiras consultas no SNS, com uma mediana do tempo de espera de 142 dias e uma percentagem de incumprimento do tempo máximo de resposta garantido (TMRG) de 68,5%, uma redução de 26 dias e de 13,5 pontos percentuais relativamente a 2023.

Houve ainda “um aumento consistente” no número de utentes em lista de espera para primeira consulta desde 2021, sendo que, dos que aguardavam no final de 2024, 43% já tinham excedido o tempo máximo recomendado.

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