O deputado único da Iniciativa Liberal, Cotrim Figueiredo, lamentou hoje o modelo escolhido para assinalar oficialmente o 25 de Abril, considerando que um formato inovador reforçaria o simbolismo da democracia em tempos de crise.
Em declarações aos jornalistas, no Salão Nobre da Assembleia da República, Cotrim Figueiredo considerou que a posição do Presidente da República sobre a necessidade de se realizar a sessão solene comemorativa do 25 de Abril “não contraria” o que defendeu a IL sobre esta matéria.
“O Presidente da República não contraria o que teria sido o modelo em que o Iniciativa Liberal sugeriu, que a cerimónia se realizasse com um representante de cada um dos partidos, o próprio Presidente da República e sem convidados”, disse. Para além disso, acrescentou, a IL “teria defendido que esta cerimónia tivesse uma repercussão nas redes sociais e uma inovação no seu próprio formato que reforçaria o simbolismo de uma democracia que em tempos de crise e emergência se saberia adaptar e inovar”.
Para o deputado único da IL, “isso hoje não aconteceu, lamentavelmente”.
Na sessão solene que assinalou hoje no plenário da Assembleia da República os 46 anos da revolução, o Presidente da República defendeu que "o 25 de abril é essencial e tinha de ser evocado", tal como vão ser o 10 de junho, o 05 de outubro e o 01 de Dezembro.
"Em tempos excecionais de dor, sofrimento, luto, separação e de confinamento, é que mais importa evocar a pátria, a independência, a República, a liberdade e a democracia", acentuou Marcelo Rebelo de Sousa.
A decisão de manter a sessão solene em pleno estado de emergência gerou polémica, dentro e fora do parlamento, com duas petições ‘online', uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.
Na Assembleia da República, a maioria dos partidos concordou em realizar a sessão solene no parlamento adaptada às restrições da pandemia - CDS e Chega foram contra e PAN e Iniciativa Liberal preferiam outro formato de comemorações.
Os partidos cumpriram o combinado e apenas estão no plenário 46 do total dos 230 deputados, sentados com pelo menos duas cadeiras de intervalo entre si e que, antes da cerimónia, foram conversando, mas sem grande proximidade, de forma a cumprir o distanciamento social exigido pela pandemia.
Nas galerias, os poucos convidados presentes, menos de vinte, foram-se distribuindo em espaços e até filas diferentes: o antigo Presidente da República Ramalho Eanes - o único antigo chefe de Estado a estar presente - conversou longamente à distância, em pé, com o cardeal patriarca, Manuel Clemente, os dois sozinhos na tribuna presidencial.